sexta-feira, 11 de novembro de 2011

1 segundo para o fim do mundo.


Medo.

Pânico.

Correria.

Amanheceu o dia. O dia esperado. Ou não esperado. Ou des-esperado. Desesperado. 11 do 11 de 2011.

O relógio faz click a cada segundo. Click a cada minuto. Click a cada hora. Os ponteiros, programados pra não parar. À pilha. À bateria. À satélite. 11h da manhã. A nação fica tensa. 11 e 01. 11 e 02. 11 e 09. O fim se aproxima. 11 e 10 e 22. 11 e 10 e 58. 1 segundo pro fim do mundo. E o ponteiro faz click. 1 pentelhésimo de segundo. Todos fecham os olhos esperando ouvir o som surdo e a luz cega do fim dos tempos. E... opa! O relógio fez mais um click. Passou mais 1. Mais 2. Mais 13 segundos. E os passarinhos ainda cantam. Os carros ainda buzinam. E o apartamento de cima ainda surte sons de marreta. E o mundo não se acabou. Estouram-se champanhes. A gente abraça o mendigo. E faz promessa de parar de fumar. Coloca um maiô e um chapéu. Vai à praia. Coloca uma música. O relógio continua fazendo click. Passa 17. 32. 48 minutos. 59. E BUMMMMMMMMMMMMMMMMM. O mundo explode. Os pássaros se calam. Nossas cabeças são arrancadas. Um universo numa casca de noz em forma de farelo de carne humana. E o sacana do São Pedro nos recebe no céu com uma risada maléfica. Idiotas!!!! Vocês estão no horário de verão!!!! 12 e 11 de 11 do 11 de 2011 é o 11 e 11 de 11 do 11 de 2011 disfarçado de atraso!!! Trouxas.

Ok.

Isso também não aconteceu. O relógio continua fazendo click e já são 14 e 11.

Mas ainda temos as 11 da noite de 11 do 11 de 2011. E, invariavelmente, temos as 12 da noite de 11 do 11 de 2011. Horário de Verão, claro! Prepararemos-nos para pegadinha do Malandro de São Pedro. Tomem conta de suas cabeças!!!!!

AHUAHUAHAUHAUAHUAHAUHAUAHAUHAUAHUAHAUHAUHAUAHUAHUA (risada maléfica).



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Aos que eu amei e aos que eu não amei ou O coxo amor.



Se apaixonar por alguém que não conhecemos ou não sabermos o porque estamos nos apaixonando é um lugar comum muito comum entre as pessoas comuns. Seria mais fácil nos apaixonarmos por fulano porque fulano faz o melhor risoto de aspargos do planeta ou porque ele consegue encostar o calcanhar direito no lóbulo da orelha esquerda. Mas não. Normalmente ele nada faz, ele nada diz, ele nem sequer pensa em algo conclusivo. E já ficamos de quatro. Assim. Justamente sem saber porque e nem pra que e nem onde isso vai dar. E lá vai a gente bancar o louco do tarô com nosso pezinho apontado pro abismo. Aí vem a frequência, os telefonemas diários, duas ou três vezes na semana na casa do outro, risadas, afinidades e pluft! De repente ele sai fora. Sem que você entenda a razão, a pessoa não mais te procura, não mais pode/quer manter aquela frequência. E o nó na nossa cabeça está feito. A pulga logo se instala atrás da nossa orelha e nos perguntamos e perguntamos aos amigos e perguntamos às paredes. O sujeito, ou a sujeita, nos procurava tanto, nos admirava tanto e até parecia que gostava da gente. Então, apenas uma conclusão justifica tudo isso. Obvio! Ele estava se envolvendo, não resistindo e, com paúra de se apaixonar resolveu cair fora. Vocês tiveram momentos incríveis, claro que se foi incrível pra você também foi incrível pra outra parte, e você fica impressionada como as pessoas são capazes de resistir à você, a uma paixão. 

Não! Não é absolutamente nada disso. Porque foi uma historia de amor pra você não necessariamente significa que foi uma historia de amor pra outra pessoa ou vice-versa. As pessoas não se envolvem com medo de se apaixonar, é bem mais simples: elas não se envolvem porque não querem, porque não se apaixonaram por você. O contrário também pode acontecer. Quantas historias foram apenas historias, nada mais que historias pra gente enquanto o lado de lá viveu um romance, se apaixonou e quis casar e ter filhos e então você pensou: quem é esse mesmo???

Já presenciei amigos ficando passados porque o caso não quis assumir compromisso. Já vi gente que se enganou dizendo que foi enganada. Já me vi blasfemando que fulano não sabe ser feliz porque não sabe se relacionar. Ledo engano. As pessoas tem o direito de decidirem se querem nos exclusivar assim como nós temos o mesmíssimo direito. E quando uma das partes se recusa, ainda assim está exercendo seu direito de fazer escolhas. E não! Ao contrario do que muita gente pensa, ninguém tem poder de escolha e decisão sobre ninguém. Ninguém muda ninguém e não cabe a ninguém tentar convencer alguém de que qualquer coisa. A gente aceita e se adapta às pessoas. E elas à nós. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Nem eu. Nem ele. Nem ela.

Qual é mesmo a probabilidade de você tropeçar em alguém com quem você tenha afinidades, amizade, diversão, tesão sexual, tesão intelectual, admiração, conforto, confiança e ainda assim estarem os dois, e ao mesmo tempo, dispostos e disponíveis a se exclusivar e viver de fato uma historia de amor?

Quase nula. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

História do CU.


 
Uma coisa é fato. Toda e qualquer pessoa do mundo te um. Recém-nascidos e velhos. Brancos, amarelos, negros e índios. Alemães e judeus. Mães, pais, filhos e netos. Bisnetos. Tataravós. Noruegueses e somalianos. Políticos e donas-de-casa. Hipopótamos e beija-flores. Eu e você. Algumas pessoas nascem sem braço. Muitas nascem sem pênis. Mas alguma vez na história do mundo já se ouviu falar em alguém que nasceu sem cu? Cu rosa. Cu preto. Cu roxo. Cu peludo. Cu pelado. Cu. Toba. Buraco negro. Fiofó. Ânus. Anel de couro. Se hoje a população mundial é de 7 bilhões de pessoas, somos, impreterivelmente, 7 bilhões de cus. E mesmo afirmando esse fato, esse pequeno (ou não) orifício a que nos referimos ainda é uma incógnita pra muita gente. O cu, juntamente com a boca, é a primeira formação apresentada no embrião, que se formará no feto. Ou seja, primeiro vem o cu. E a gente se desenvolve a partir dele. Do cu. Um cu pra cada um. Apenas um. E muitas vezes, nos papos de bar, o assunto vai parar aonde? No cu. O cu sempre é citado, lembrado e debatido. Só não vale falar no cu da mãe, que é desrespeito. Ofende. Mas quem nunca compartilhou experiências ou não experiências com o cu o alheio e com o seu próprio? O cu sempre foi, é e sempre será uma curiosidade e um tabu, apesar da sua infalível presença constante em todos os seres capazes de se alimentar e gozar. Se aqui nada entra, apenas sai, pra muitos, outros tantos preferem não usar de hipocrisia e escancarar sua verdadeira aprovação ao coito cuniano. Já foi mais que provado que o cu é cheio de terminações nervosas, o que o torna capaz de nos dar prazeres imensuráveis. Mas isso, obviamente, pra alguns é só teoria. No entanto temos muitos entusiastas da causa, que defendem o ato. Alguns apenas permitem tal aventura de anos em anos. Ou seria de ânus em anos. Ou, quem sabe ainda, de anos em ânus. Vai saber. E não. Isso não tem nada, absolutamente nada a ver com preferências, opções ou gostos sexuais.  Eu não estou aqui pra defender ou execrar a permissividade de qualquer ato. Ou levantar ou queimar qualquer bandeira. Estou apenas sublimando a importância de nosso querido cu. Essa pequena parte que constitui o corpo dos seres humanos e animais em geral, sem fazer nenhum mal à ninguém, desde que o mundo é mundo, sempre leva a pior. O coitado está sempre tendo que engolir entes não queridos, juízes de futebol e ex-namorados. São Longuinho dá sempre uma olhada lá dentro pra ver se o objeto que perdemos, por algum desaviso, não foi parar lá. O cu merece nosso respeito. O cu tem que ser amado e respeitado. Sem ele não existimos. Ele se faz tão importante quanto um cérebro ou um coração. Órgão vital. Afinal, sem ele entraríamos pra mesma estatística do pintinho que não tinha cu e foi peidar e explodiu. Nosso cu. Nosso querido cu. Se quem tem cu tem medo, quem tem medo tem o cu na mão. Dizem até que cu tem olho, mas que o bêbado não é dono do seu. O do mundo fica bem longe. Cara de cu é cara feia. Chega de hostilizar o cu.  Trégua ao cu. Se Deus foi tão generoso a ponto de dar um cu pra cada um, então cada um tem o direito de fazer com o seu aquilo que bem entender. E ninguém tem nada a ver com isso. Cada um que cuide do seu cu.  E do cu outro. Se o outro assim curtir.
 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Culpa da Marvada.


Depois de assistir Planeta dos Macacos, tomando uns bons drinks no Bar do Hotel:

- Falando em macaco, você precisa assistir a peça O Incrível Segredo da Mulher Macaco. É muito engraçada! 

- Nem pensar! Já tô cheio de macacos, babuínos, chimpanzés, ornitorrincos!

- Ornitorrincos?

- Ah, não! Eu quis dizer orangotango! Ornitorrinco é aquele bicho que tem um chifre só!

- Unicórnio!!!!!

- Isso! Não vai me dizer que ornitorrinco é o médico que cuida dos ouvidos, nariz e garganta?

- Garçon! Mais dois drinks, por favor!!



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Diário de uma toupeira.




Dia 20/07/2011 – 18h – Reunião no Projaquistão com a direção da nova produção.

Dia 20/07/2011 – 16:30h – Saio da porcaria do escritório de produção do evento de arquitetura e decoração onde, não sei porque raios, fui meter meu narizão. Passo no Mega Matte compro uma água, 5 pães de queijo e uma salada de frutas. Com o fone no ouvido me dirijo pra Delfim Moreira a fim de pegar o famigerado  2113, ansiosa por sentar ao lado da janela, fazer meu lanchinho e tirar um cochilo na deliciosa viagem que teria pela frente até a Curicica que te pariu. Pééééééé. 2113 lotado!!!!!!! Sem poder sentar e sendo patolada o tempo todo amarrei minha cara e decidi que era hora de ficar aborrecida. Chegando na Bartolomeu Mitre - ali mais ou menos na altura da Siqueira Campos - o trânsito resolveu dar uma impressionada e travou. O relógio correndo e o mercado Zona Sul continuando na altura dos meus olhos. Inteligentemente resolvi saltar (“soltar” segundo meia dúzia de analfas) do frescão, atravessei a pista e entrei num taxi, cujo motorista era um monossilábico leão marinho. Tencionava ir até a Barra e pegar outra condução pro Projaquistão. Erro! Ok. Até Louis Vuitton comete erros. Degluti meu lanche. No caminho, trânsito. No túnel, trânsito - me sinto um tatu, toda vez que pego trânsito no túnel. Mas chegando na Barra, pra minha grata surpresa: trânsito! Tomei outra decisão. Perguntei ao leão marinho quanto ele achava que daria a corrida até o destino final. Ele grunhiu algo parecido com: não sei. Resolvi entubar o prejuízo e seguir, de olho no relógio. Depois de muitos trânsitos me vi quase em São Paulo enquanto não chegava nem perto da fantástica fábrica de Roberto Marinho, pois o Leôncio resolveu que o caminho longo era mais perto. Aham. O taxímetro era praticamente uma caixa registradora. Retirei minha carteira da bolsa e comecei a contar minhas migalhas. R$ 53 era tudo o que tinha na minha vida. “Moço, quando bater os 53 o senhor me desova em algum lugar. Hahahehehehhihihihohohoho” O Leôncio acende a luz e diz: “então é aqui mesmo. Já deu 53”. Levanto lentamente meus olhos e me deparo com mato do lado direito, mato do lado esquerdo e nenhum sinal de vida humana. As pessoas são realmente muito solidárias, pensei antes de me aborrecer pela enésima vez. “Segue!”, ordenei. Finalmente cheguei ao meu destino com 40 minutos de atraso, devendo R$10 pro sujeito. Pedi que me esperasse pois poderia sacar dinheiro no caixa eletrônico dentro da cidade Plim Plim. Uma incompetência qualquer fez com que eu ficasse plantada na portaria por alguns longos minutos até liberarem minha entrada. Quando me virei, olhei pra rua, o táxi com uma anta do lado de dentro havia desaparecido. Pensei “ok, desistiu dos R$10 e foi embora, melhor pra mim, que já tô dura que nem pau de tarado e mais atrasada do que Vera Fischer”. Peguei meu rumo e fui pro módulo azul claro. Uma amiga que estava do lado de fora do módulo apontou pro relógio e disse que a reunião já tinha acabado. Decidi chorar! “É mentira, é mentira! A reunião atrasou!” tentava me consolar a coitadinha. Ok! Passou. Cheguei. Finalmente. Acendi um cigarro. Coisa de meia hora depois o assistente de direção me chama dizendo que tem uma ligação pra mim. Ligação??? O FDP do Leôncio fui azucrinar a recepcionista e descobriu onde eu estava. My God. Por quê??? Peguei R$20 emprestados com um amigo, joguei minha bolsa no colo de outro e corri com todos os meus bofes pra fora até a portaria 2. O leão marinho do apocalipse deu conta de fazer um pequeno escândalo, querendo que eu saísse pra ver no taxímetro quanto deu a corrida - sim ele deixou o taxímetro ligado - eu não podia sair porque estava sem o crachá, que ficou na bolsa, R$20 não dava pra pagar, meu cartão também ficou na bolsa, não podia voltar pra sacar dinheiro e voltar pra portaria, não dispunha desse tempo, não podia fazer nada. Os seguranças vieram pra tentar apagar o incêndio, uma alma boa foi até o taxi do inferno ver quanto tinha dado o total. Hããããããããã... R$102. Uma bagatela. Com R$53 que eu já tinha dado mais os R$20 na minha mão, ainda faltavam R$30. Eis que brota na minha frente uma amiga de um ficante, cuja eu tinha visto apenas uma vez, as duas completamente embriagadas no Baixo Gávea, gritei: “me empresta R$30”, ela sem entender nada, enquanto falava ao telefone disse que ia sacar. Foi. A perdi de vista. Pedi ao segurança que me emprestasse R$30 com a condição de que na volta eu lhe daria R$50. Ele foi sacar dinheiro. Deixei o pobre coitado desenrolando com o Leôncio e corri novamente ao módulo azul claro, onde cheguei descabelada e suada e sem ter onde cair morta. A tempo pra reunião, que atrasou quase 2 horas. Ufa!!!!! Ainda bem que Rio de Janeiro não é Londres!!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

À Procura da Felicidade.



Dinheiro. Carreira. Família. Casamento. Viagens. Propriedades. Paixões. Poesias. Drogas. 

A felicidade não é durável. Independe de status. De sexo. Ou dele. Numa grande metrópole ou no micro interior do Velho Continente. Ou quem sabe more nisso tudo ao mesmo. Pra uns é isso. Pra outros nem isso. Essa paroxítona é apenas um estado de espírito. Que pode ou não durar pouco ou muito. Enquanto se espera que ela venha ela já veio há muito. Ou nem tanto. Ou por pouco passou e não ficou. Ou se instalou. E quem sentiu? E quem viu? E quem se apropriou? A grande graça é que ela não é palpável, nem eterna e não tem segredo. A felicidade às vezes mora numa panela de brigadeiro. Ou num domingo de chuva. Ou na favela. Ou na piscina do Tio Patinhas. Ou no longe. Mas ela mora. E se mora. Vai que demora. Felicidade? 5 sílabas. 10 letras. Com tradução pra todas as línguas. Mas e o que mais? Mais nada. É só uma palavra entre milhões. Felicidade sou eu pra alguns. Ou pra nenhuns. A felicidade não existe. A gente é quem insiste. Deixemos a pobre da felicidade em paz. E vamos nos divertir. Numa dessas ela aparece. Ouvi dizer que adora uma farra. Uma fala. Uma farsa. Um brinde à felicidade. Ela está cagando pra gente. A gente é quem precisa da safada. Então tratemos-na muito bem obrigada. E ai dela se reclamar que não é feliz!!



terça-feira, 28 de junho de 2011

Canção de Despedida.



Ela não quis pegar um taxi e saiu andando pela rua vazia.

Ele não conseguiu se levantar do sofá.

Ela chorou sem se lembrar que a maquiagem não era à prova d’água.

Ele abriu uma cerveja.

Ela foi dormir no abraço da melhor amiga.

Ele saiu e encheu a cara de mulheres.

Ela comprou roupas novas.

Ele deixou um recado na secretária pedindo sua escova de dentes.

Ela adotou um gato.

Ele foi visitar a mãe.

Ela se desfez dos cds do Burt Bacharah.

Ele ainda não lavou o copo com marca de batom.

Ela chora todas as noites antes de dormir.

Ele aprendeu a jogar sinuca.

Ela criou um blog.

Ele começou a namorar.

Ela deixou o cabelo crescer e pintou de loiro.

Ele nunca tirou a barba.

Ela se apaixonou.

Ele terminou.

Ela se casou.

Ele começou a fumar.

Ela teve gêmeos.

Ele ainda mora no mesmo apê.

Ela se divorciou.

Ele comprou um carro novo.

Ela parou no meio da faixa de pedestres. Ele baixou o vidro. Ela teve a impressão de conhecer aquele rosto, apesar da barba recém-feita. Ele teve a impressão de conhecer aquele olhar, apesar dos anos. O sinal abriu. Os carros buzinaram. O celular dela tocou na bolsa. Ele esbarrou no limpador do para-brisa. O sinal já estava amarelo novamente quando ele decidiu arrancar e ela terminou de atravessar a rua. Foi só uma impressão.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Um amor de Maria.



Diz ela que me viu de amarelo e me achou linda. Pouco antes de sumir por alguns anos. Voltou num carnaval. Claro, não podia ser num outro momento senão num carnaval. A cidade em festa para recebê-la. E meu coração em festa por re-conhecê-la. Passaram-se dias, semanas, meses, 1 ano. Mais um carnaval chegou e junto com ele uma asa. Duas asas. A direita de proteção. A esquerda de anjo. E uma porta. Que se abriu pra mim. E eu entrei. Timidamente, antes de servir o primeiro drink. E já no segundo trocávamos confissões falando do passado, do presente e do futuro. Mas muito mais do presente. Ela me contou histórias sobre a realeza. Me deu de provar a certeza. E me mostrou a minha beleza. Que eu não tinha. Não pra mim. Ela sabe bem de cozinha, mas por enquanto eu tento afastá-la do liquidificador. Ela conhece o Frank. Ela canta. Agudo como eu sonharia se ousasse. Ela já viu o mundo. Ouviu um mundo. Viveu vários mundos. Dispensa a legenda. Pergunta pro Google. Conversa com a esposa do Tristão. E tristeza pra ela vem disfarçada de mau-humor que logo vai embora. Faz festa por onde passa. Então fica fácil entender porque o mundo a quer por perto. Uns diriam que é por causa dos seus cabelos. Lindos. Que escorregam sobre os ombros. Outros diriam que são os olhos que tem a mesma cor dos cabelos. Outros ainda pensariam que é o sorriso que combina com os olhos, que, por sua vez, combinam com os cabelos. Eu diria que é dedo mindinho do pé. Do pé esquerdo. Ele combina com o sorriso. E assim nada falta. Outro dia ela me pediu que a acordasse tal hora. Não pude deixar de reparar nos cílios que pareciam que dariam um nó em si mesmos. Eu podia imaginar onde moram seus sonhos. Mas isso eu não conto nem pra ela. Desconheço a razão, o motivo e o porquê. Só posso dizer que amor só pode ser o que é. Quando bate a gente aceita. Não tem jeito. E amor só pode ser algo que só pode ser parecido com isso que sinto por Maria. Minha amiga. Beloca Maria.  



segunda-feira, 23 de maio de 2011

Não carregue o mundo sobre os seus ombros.



Se responsabilizar. Se comprometer. Se apropriar das neuroses alheias e dos problemas do mundo. Por que isso me soa tão familiar?

Se aquela paixão não virou namoro, não precisa significar que você não é uma pessoa cheia de predicados. Pode ser que ele se envolveu um pouco e teve medo de se aprofundar. Ou então que ele ainda tem uma história pendente com alguma ex piranha. Afinal todo mundo tem questões. Ou então ele é cego ou burro e não se deu conta do quanto está perdendo. E quem sabe talvez não tenha sido assim porque em breve você vai conhecer outra pessoa. E mais outra. E mais outra. E de repente parar numa outra. Numa que realmente valha a pena!

Uma amiga da época da escola. Amiga das melhores. Um dia some. Simplesmente passa a te ignorar. Durante anos você se pergunta o que fez de errado. O que falou de errado. Aonde agiu errado. E a resposta nunca surge. E você insiste na pergunta. Mais um ano. Mais um. Até que. Eureca! Muito provavelmente é uma questão dela. E só dela. Você já se torturou muito e não há mais como não pensar que isso tudo só pode ser coisa da cabeça dela. Sabe Deus por que. E se ela não externa você nunca vai saber. Não tente entender. Ela que fique lá com os problemas dela porque os seus já são muitos.

A mina te odeia. Morre de ciúmes de você. O namorado dela mal fala com você porque ela quer se jogar pela janela abaixo porque acha que você dá mole pro dito cujo. Você também se questiona. Se policia. Mas tem certeza absoluta de que nada fez que justificasse os ciúmes. Até porque nunca lhe passou pela cabeça aquendar o bofe. E você sabe que ele é louco por ela. Ou seja: a insegurança é dela. E o problema também.

Os 30 já estão próximos. E nada de conseguir ganhar dinheiro. Guardar nem pensar. Poupança. Carro. Casa própria. Nada. Até pra comprar um tênis é difícil. Incompetência sua? Vagabundagem? Anjo. Nós vivemos num país onde 40% do que ganhamos vai pra impostos. Ou seja, 5 meses de trabalho pesado pra entregar a grana integral pro governo. Que por sua vez não nos dá nem mesmo uma saúde pública decente então somos obrigados a pagar um plano de saúde. E por aí vai. A culpa é mais do seu país do que sua. Vai por mim. E por falar em culpa. Taí uma palavra que tem que ser usada com moderação. Muita moderação.

Se você teve um problema e alguém não entendeu nem perdoou sua ausência. Se você foi passional e agiu na emoção. Se você é dessas que chora quando tem vontade de chorar. Se você prefere carne à peixe. Se você gosta de sertanejo. Se você engordou dois quilos. Se você se apaixonou pelo canalha. Se você vomitou no táxi. E alguém não entendeu, o problema não é seu. É da pessoa que não alcançou.

Isso tudo entre outras coisas. Menores ou maiores. Só nos leva à um lugar: dar importância ao que realmente é importante. Se livrar das culpas que nem deveriam existir. Não tente carregar o mundo nas costas. Ele é pesado demais pra nossos pequenos ombros humanos.  

(À todas as Jude´s).