quarta-feira, 13 de março de 2013

Ode aos infelizes.




Quantos flashes você precisa para sorrir
Quantos homens você precisa para dormir
Quantos olhos você precisa para ouvir
Quantas doses você precisa para sumir
Você jurava que era pra sempre, mas não passou da terceira discussão.
Ele foi embora com outro mais o seu bicho de estimação.
A sua beleza não vale mais uma capa de revista internacional.
Sua bunda um dia já foi preferência nacional.
Suas pernas, sua cintura, sua pele, seus olhos de gato.
Seus ombros, seu queixo, sua voz, um hiato.
Quando pede pra voltar na verdade quer ficar.
Se descobre um recanto vai embora pra outro lugar.
Seu rosto não sente mais o calor do refletor.
Seus cabelos longos, novos loiros, estão perdendo a cor.
Sua língua afia, vadia, amplia o gosto da loucura.
Não se viu, não se sentiu perdendo a postura.
O salto alto decidiu te derrubar na passarela.
Enquanto vozes diziam que aquela não é mais ela.
A dor cessou, anestesiou, mas não compensou.
Sua vida, seu vicio, sua luz, sua beleza, seu brilho, seu respiro, seu sentido, sua paz. Acabou.


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Aconteceu na Zona Sul.


Se conheceram há mais ou menos muitos anos atrás. Em outro continente. Mas apenas se notaram há mais ou menos alguns meses atrás. Pela internet. Se encontraram. Ao vivo. Se beijaram. E acharam que dava pé.  E assim começa a história dos dois:

Um dia. Depois outro. Cinema. Vinho. Jantar. Mais uma manhã. Depois outra. Assim tudo começou. Sábado. Nem uma semana ainda. Decidem: cinema. Ela - banho. Eles se arrumaram rapidamente. O filme. Chegam a tempo da pipoca. Ufa! No meio do filme ele dá sinais: algo errado. Ela - apreensiva. Acaba o filme, conversa no carro. Ele confessa: durante o  banho dela, ele havia invadido seu computador – Facebook - mensagens privadas. Acabou ali. Deveria. Mas não. Continuaram se vendo, se encontrando. Cinema. Vinho. E a casa dela. Sempre a casa dela. E muitas discussões – ele tem ciúmes. Uma noite, mais uma discussão: fazer as pazes num bar. Bebem. Dançam. Ele apresenta à ela dois sujeitos , ele acabara de conhecer. Num determinado momento, ele rouba o celular dela e começa a fuçar: ligações, mensagens. Ela toma o celular de volta. Ele - pista. Ela: sozinha. Ela procura por ele. Pára pra conversar com os dois sujeitos que ele lhe apresentara. O sujeito mais velho lhe conta: o rapaz lhe ama – fez declarações à você. De repente, ele aparece do nada - agride o sujeito: briga generalizada. Ela: aparta - não tem forças. Ela sai do bar. Rua: cheia de gente desconhecida. Ela sente um grande golpe na nuca. Cai. Multidão de desconhecidos: redor dela. Ela: sentada no chão, desnorteada. Um policial: resgata-a. Ele: detido numa viatura. O policial - encaminhá-la à delegacia a fim de registrar queixa. Ela: recusa. Ela: sair dali. Ela - assina documento, todos os seus dados, endereço, número de documento, etc. - se abstendo da queixa – taxi - embora. Não se sabe a razão nem o porquê,  eles voltaram a se ver. A se encontrar. Cinema. Vinho. A casa dela. Passar por cima - seguir adiante. Aniversário dele. Ela vai de surpresa até o estúdio onde ele ensaia. Dia seguinte: show. Conhece os pais dele. Conhece dois ou três amigos. E mais uma vez - inferno. Eles: bar - comemorar o show. Ela: fuma um cigarro. Ela: lê no seu celular uma matéria que saiu sobre a sua peça. Ela encontra um amigo que está passando na porta do bar. Eles conversam por  2 minutos. Ela - volta à mesa. Ela: animada - matéria - peça. Ele: a destrata na frente dos amigos. Ele se irrita - celular dela. Ele: ciúmes do amigo dela. Ele - hostil e grosseiro. Ela - embora. Já em casa ela liga pra ele. Ele: palavras cruéis e amargas. Ela – choro. Muito. Não dorme. Alguns dias depois - cinema, vinho, a casa dela. Por um período - calma. Eles se amam. Intimidade dela: mudou. Ela - não usar mais roupas que salientem seu corpo - deseja ser desprovida de beleza.  Ele: sempre achava que ela estava olhando pra alguém. E assim eles seguem. Terminando. Voltando. Se amando. Se odiando. Ele mora com os pais. Ela mora só. Ele - muito tempo na casa dela. Ela: cobra dele organização - não toalha em cima da cama - não todas as luzes acesas. Ele: aborrece. Ela: sugere que ele traga suas coisas. Shampu. Soro da lente. Desodorante. Ela não tem condições e nem interesses em bancar pra dois. Ele a acusa: mesquinha! À partir daí ele: mais invasões de privacidade. Acusações infundadas. Crises de ciúmes - recados na página online dela. Ela: para de usar seu perfil e até apagar publicações. Ele: morre de ciúmes dos amigos dela. Ele: não quer que ela faça novas amizades. Ela: refém. Um dia eles vão à uma festa. Dançam. Se divertem. Bebem. Decidem ir embora. Fila do caixa. Ela - porta fumar um cigarro enquanto a fila anda. Ele: nova crise agressiva - não quer que ela se ausente do seu lado pelos 10 minutos que levam pra queimar um cigarro. Ela: é só um cigarro. Ela vai. Ele: bicho. Anda de um lado pra outro enfurecido. Vai até ela. Volta pra dentro da festa. Olhos vermelhos. Ele - perde todo o dinheiro e todos os seus documentos. Ele: grita com ela na frente de todo mundo. Ele vai embora. Ela – alguns minutos - embora. Do lado de fora: ele. Ela: taxi. Ele: tenta entrar junto. Ela se recusa. Ele grita. Ela tenta pegar vários táxis. Ele não permite que ela entre sozinha. Até que finalmente ela consegue. Vai pra casa. Dia seguinte - pazes. (???????) Cinema. Vinho. Casa dela. Um novo período de paz. Ela: bloqueia-o no facebook . Ela – vai mais a casa dele. Ele -  toda e qualquer discussão: vira as costas e vai embora. Todas terminaram dessa forma. Ele - vira as costas e vai embora. Sempre. Imaturamente. Ela: perdeu o tesão. Ela - extremamente desagradável com ele. Não restou mais paciência. Ele – irrita-a com seu sedentarismo e a força que ela faz em vão pra tentar mudar isso nele. Os 3 litros diários de coca-cola zero que ele consome - futura osteoporose. As botas dele - verão carioca. O descuido. Tudo nele passa a irritá-la. Ele: smartphone - passa a fazer todas as coisas que ele odiava que ela fizesse. Ele - tempo com no aparelho quando estavam apenas os dois. Vicia. Mais do que ela. Ele - leva o aparelho ao banheiro. A todos os lugares. Ela - não tem mais saco. Ainda assim eles decidem fazer uma viagem. Ela - descobre que ele não tem um pingo de senso de humor. Qualquer piada: ofensa. Ela: se lembra das vezes em que ele pediu pra ela rir mais baixo enquanto ela gargalhava. Ela - não se reconhecia no brilho que não tinha mais. Noite qualquer - festa. Papo. Bebida. Cigarro. Um amigo bêbado aborrece o casal. Ela – sugere pegar uma bebida. Ela vai e ele não a segue. Ele: aparece a acusando de abandono. Ele - diz com todas as palavras: “você deveria ter me pego pela mão e me tirado de lá!!!” Mão? Tirado? Ele não entendeu. Ela preferiu não entender. Ele - embora. Ele – pede  a chave do carro dele que está na bolsa dela. Ela - nega, ele - bêbado demais para dirigir. Ele - insiste. Ela - nega. Ele - insiste. Ela - nega. Ele – solução: pegar a bolsa dela a força. Pegar a sua chave do carro na base da ignorância e ir embora. Dirigir bêbado. E deixar  ela ir embora sozinha, a pé, por 4 quarteirões, na madrugada. No dia seguinte ele: torpedo perguntando a que horas ela precisaria do carro. Ela - apesar de ter enchido o tanque, abre mão. 1 dia de silêncio. 2 dias de silêncio. No terceiro dia ela: mensagem sugerindo uma conversa. No quarto dia eles se encontram. Ela: lhe entrega as poucas coisas dele que permaneceram em sua casa. E pega de volta a cópia da sua chave. Eles - conversar num quiosque. Um pingo sequer de intimidade. Ele - se irrita com o lugar, com a música do lugar, com ela. Ele - resolve tomar o poder da palavra primeiro. Fala do seu ponto de vista. Ela escuta. Até o fim. Quando ela vai falar ele interrompe, não respeita a sua hora. Ele - não ouve. Ele - não vê. Ele - não pensa. Ele - diz à ela: não houve nenhum momento bom pra lembrar. E, mesmo sem querer, ela - precisa concordar. É. Não houve. Pelo menos a essa altura ela já não lembra mais. Ele se irrita, paga a conta e vai embora. Mais uma vez. Deixando-a sozinha na rua. Mais uma vez. Mas dessa vez, pela última vez.

Ouvi dizer que ela nunca sentiu saudades dele. Ela sente raiva. Não dele. Mas dela própria. Ela não consegue entender como pôde permanecer tanto tempo ao lado dessa pessoa acima descrita, que, ao que parece, dispensa adjetivos. E ela não gosta de sentir raiva. Ela quer que passe. Mas na verdade ela ainda sente um pouco de raiva dele. Pela postura de vítima em que ele se colocou no fim. Depois de tudo. Dizem que é difícil de acreditar nessa personalidade atrás daquela cara de bom menino e da sua voz doce, mas todo mundo sabe que a verdade sempre vem. Ela tem a consciência tranquila e plena de toda a fidelidade que exerceu à ele em todos os sentidos durante o tempo que durou. Mas sente conforto na certeza de nunca ter amado esse homem do fundo do seu coração.


domingo, 20 de janeiro de 2013

PSICOPATIA



Mesmo que não demonstrem socialmente, a característica principal da psicopatia é um forte traço narcisista enraizado na personalidade. São pessoas intimamente megalomaníacas (se acham superiores às outras pessoas), imprevisíveis, sem escrúpulos, excessivamente egoístas e egocêntricas. São charmosas e manipuladoras. Por isso, a principal característica de quem carrega o distúrbio consigo é ter os seus próprios interesses sempre em primeiro lugar, o tempo todo. Como são muito individualistas, essas pessoas precisam se sentir estimuladas todo o tempo, e não se importam com as pessoas que estão ao redor. Por isso são exageradas: comem demais, praticam sexo demais, dormem demais, folgam demais, não tem responsabilidade e quando trabalham, é só para conseguir dinheiro e poder. Aparentemente elas apresentam transtornos como impulsividade, teimosia, dificuldades em seguir regras, são geralmente questionadoras e não aceitam qualquer resposta como verdade. São pessoas muito dissimuladas, com comportamento duplo (por ex, socialmente são vistas como "exemplares" comportadas, quando na realidade escondem um comportamento contrário: são verdadeiras "destruidoras"). Quase em todos os casos os criminosos seriais têm trabalhos efetivos e se comportam neles de forma responsável, podem ser pontuais e cumpridores, obtendo dos chefes o reconhecimento e boas referências. Alguns trabalham por conta própria, outros até têm um bom passado familiar e se dedicam a tarefas recreativas. Psicopatas normalmente vivem por ocultar suas intenções debaixo de uma aparência sedutora ou de amabilidade e cortesia. Mesmo aparentando um comportamento dócil e intenções de proteger certas pessoas, por trás disso, tal dissimulação esconde uma pessoa fria, calculista e falsa, caracterizando um indivíduo excessivamente manipulador. São cínicos e, apesar de fingir com maestria não conseguem amar no seu intimo, não conseguem manter um relacionamento leal e duradouro por anos, sobretudo por sua incapacidade de tolerar rotina e monotonia. Psicopatas dificilmente se apegam a alguém, detestam relacionamentos que invadam sua privacidade e intimidade, e quando os têm, não duram por muito tempo. Traem facilmente a fidelidade do parceiro, uma vez que não sentem empatia nem culpa. Uma característica muito comum em indivíduos com o transtorno é a intolerância a frustrações - este talvez o único motivo que os façam chorar de verdade -, o que frequentemente os faz adotarem comportamentos e ações extremas para conseguirem o que querem. Elas "precisam" conseguir o que querem. Isso faz com que elas geralmente não desistam enquanto não conseguem algum objetivo que exclua o tédio de suas vidas; assim adotam atitudes extremas e/ou infantis, mas muito bem elaboradas: não importa o meio, o que realmente importa é o fim. São pessoas excessivamente rancorosas e vingativas.  Psicopatas são pessoas que vivem a oscilar entre um comportamento dominador e ao mesmo tempo um comportamento onde são as pobres vítimas. São excessivamente manipuladores e controladores. O lema de uma pessoa psicopata é sempre "controlar para não ser controlada". Essas pessoas, dependendo do grau da psicopatia, deixam marcas por onde passam, desde marcas sentimentais a marcas financeiras. Elas são literalmente antissociais no sentido de não seguir regras sociais tidas como normais, fingem amar tudo e todos, mas na prática parecem não se importar, são hostis à sociedade, demonstrando uma conduta que lhes trazem conflitos frequentes com o meio em que vivem. São pessoas egoístas, insensíveis, frias e que buscam apenas prazer, embora possam fingir o contrário quando acham necessário. Elas podem sentir frustração, rancor, ódio, inveja e outra qualquer emoção negativa, entretanto, é comum esquecerem dos sentimentos positivos (ternura, carinho, consideração, altruísmo etc.), não ao menos com as outras pessoas. São capazes de amar, mas não amam da mesma forma que as outras pessoas; na realidade, o que predomina nas pessoas sociopatas é um grande sentimento de posse - este frequentemente exibido. Psicopatas são pessoas inteligentes, facilmente se disfarçam de ingênuas, santas ou inocentes para conseguirem o que querem. Essas pessoas têm uma grande habilidade em adquirir simpatia e carisma das pessoas por quais se interessam e, por isso, induzem com rapidez os outros a fazerem coisas que na realidade "não" tinham intenção. São árduas manipuladores. São chantagistas, por vezes, mudam totalmente de um mau comportamento para uma conduta exemplar, a fim de disfarçar sua índole e conseguirem o que querem. Elas podem usar da mentira mas não admitem que esta mesma seja usada para com elas. Além disso, uma característica típica que as diferencia de pessoas mentirosas que mentem para receber atenção ou admiração, é que a mentira das psicopatas é dificilmente descoberta. São tão calculistas que conseguem mentir olhando nos olhos, chorando para obter credulidade como vitimas, sem remorso ou arrependimento, e suas mentiras raramente são descobertas porque são muito bem planejadas. São pessoas muito preocupadas consigo próprias, irresponsáveis e imediatistas. 

Fonte: Google

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Ditadura do Amor



Amar virou fácil. Se fosse mais magro, menos alto, mais falante. Ama o corpo e odeia os hábitos. Gosta do hálito, mas a saia é muito curta. E devolve meu coração, que ele bate num ritmo diferente da batida da pista. Apenas seja feliz comigo.

Não fume. Não cante fora do tom. Desça do salto. Devolve a cópia da minha chave. Fale menos. Sorria menos. Ganhe mais. Solte os cabelos. Não me prenda. Use os talheres de fora pra dentro. Ouça mais ópera. Veja menos novela. Sonhe mais. Pense menos. E seja feliz comigo.

As coisas não são assim. Frango só assado. Coloca o cinto de segurança. Controle o remoto. Salgue menos a comida que eu adoço a bebida enquanto a gente escolhe o nome do cachorro. Vermelho não lhe cai bem. Liga o ar condicionado no máximo. Fecha a janela e abre meu zíper. E seja feliz comigo.

Monte seu guarda-roupas e desmonte essa cara. Lave a louça de ontem. Não bata o cigarro no chão. Ligue a seta e mantenha a esquerda. Endireita o colarinho. Beba. Me coma. Não esquece meu presente. Não fale com estranhos. E seja feliz comigo.

Não com os outros. Não na dispensa. Não na rua. Às vezes no elevador. Nunca na varanda. Muito menos em rede nacional. Apenas comigo. No domingo. Seja feliz comigo.




segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mais tempo.



O Homem-de-Lata pede coração, o Espantalho quer um cérebro, o Leão precisa de coragem e a Dorothy não vê a hora de voltar pra casa. Se eles tivessem me encontrado no meio do caminho da estrada de tijolos amarelos na direção do Mágico, eu teria ido até o destino dessas personagens pra pedir... Mais tempo! 

Mais tempo pra viver as risadas. Mais tempo pra viver os amores, mesmo que nas suas formas mínimas. Mais tempo pra conhecer o mundo e outros mundos. Mais tempo pra dançar. Mais tempo pra chorar. Mais tempo pra dormir. Mais tempo pra conhecer gente e pra essa gente me conhecer.

30 anos se passaram e minha pele guarda o que minha memória não pode alcançar. Se existem 7 bilhoes de pessoas no mundo, quantas podemos conhecer até o final de nossas vidas? Se existem 200 países, em quantos vamos pisar? Se existem 100.000.000.000 de galáxias no universo, quantas delas nossos olhos vão registrar através da luneta? Isso sem falar nas verdades e mentiras, nos mitos, nas piadas e nas bobagens que não vamos desvendar e nem presenciar por simples falta de tempo! 

Quero mais horas no meu dia e mais dias nas minhas horas, mais amor no meu sexo e mais vida no meu amor. Mais minutos pra memória não se perder, mais lembrança na saudade, mais refeições para mais companhias. Mais tempo pra ser loira, vermelha ou preta. Mais tempo pra amar mais gente e odiar outras tantas e/ou ser amada e desprezada por poucas ou muitas. Mais tempo pra reclamar da conta que eu atrasei ou pra comemorar um chute no gol. Mais tempo pra representar e pra dizer meia dúzia de verdades. Mais tempo pra ver o tempo passar. 

Se eu não gosto de fígado acebolado e idolatro chocolate é pura falta de tempo de experimentar outros sabores até decidir ou não decidir qual preferir pro resto da minha vida que, por sua vez, teria um tempo maior.  

Mais tempo pra não ter tempo.

Mais tempo! Mais tempo!

E não me venha com míseros minutos que a minha paciência é atemporal.


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Fim do (meu) mundo.




Poucas ou muitas pessoas sabem. Poucas talvez viram. Muitas com certeza já ouviram falar. Eu não vejo a menor graça em voar. Sim, eu tenho medo de avião. Tenho medo que o mundo finde no ar. Que o meu mundo acabe no ar. Ou no chão. Ou no mar. Todas as vezes em que me encontro a milhas e milhas do solo e pra distrair meu pânico, eu penso na vida que eu não vivi. No filho que eu não gerei. No segundo que eu não adotei. Na música que eu não dancei. Ou na que eu gostaria de dançar novamente. Nas minhas rugas que ainda não amadureceram. Penso que não! Aquela não pode ter sido a última vez que vi meus amigos. A última vez que abracei minha família. A última vez que vi o dia nascer na turva embriaguez. Eu me viro e vejo que na cadeira ao lado do avião não existe um amor em forma de pessoa pra mim. Então, num descuido, eu me vejo abraçando e chorando e declarando meu amor a um desconhecido de cabeça chata. Só pra não me sentir sozinha e desamada no meu fim do mundo. No fim do meu mundo. A morte deve ser alguma coisa muito perto da solidão absoluta. Pode se morrer junto com uma multidão, ou sozinho, mas cercado de gente. Seja como for, a morte sempre me pareceu algo muito pessoal, solitário e egoísta. Morrer deve ser um abismo sem fim na direção do vazio.

Eu tenho certeza absoluta que minha existência nessa existência não acabará dentro de uma caixa em formato fálico com asas, feita de ferro e plástico e pesando toneladas que (ultrapassando a minha inteligência) voa distancias em minutos. Mas a certeza de onde e quando e como eu vou nascer em outra dimensão, essa eu não tenho. Ignoro. Não vejo. E juro. Não penso. O único momento da minha vida em que me questiono sobre isso é quando estou voando. Não sei se porque fico mais perto do céu. Não sei se porque não consigo dormir. Não sei se porque não tenho nada a fazer. Ou se isso se trata simplesmente de medo. Então o medo se concretiza pra mim em forma de uma cadeira vazia que deixarei na mesa do jantar. Medo de deixar de existir. Hoje eu sou um ser único. Com características únicas. Físicas. Pessoais. Emocionais. Um dia eu me tornarei o que todo mundo se tornará: um saco de ossos e carne. Sem vida. Sem alma. Pra todo o sempre. Existirei apenas na lembrança de alguns até que se finde também o mundo desses. Então sou pessoa que se tornará saudade até virar esquecimento.

E você também.



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Final feliz?



Final de novela tem o quê? Um casamento. Ou mais. Um filho, que descobre que na verdade não é filho do pai. Uma gravidez. Às vezes várias. Um vilão que morre. Ou foge. Ou acaba lavando chão em lanchonete de beira de estrada. Um novo beijo. Um novo amor. Ou o retorno de um amor antigo.

De uma forma ou de outra é sempre um final feliz. Pelo menos pra grande maioria merecedora. Então eu fico me perguntando se depois de 7 anos os finais felizes ainda continuam felizes. Se os casais ainda se amam, se tiveram filhos lindos e se progrediram financeiramente. Ou se ela engordou 200 Kg e ele ficou brocha, logo depois de o apartamento ter ido à leilão na Caixa Econômica.  

Então não existem finais. Os finais só chegam quando acaba a vida. Final feliz de novela na verdade não é um final e sim um começo. Deveria se chamar começo feliz. Começo de um ciclo. Começo numa vida a dois. Começo num trabalho novo. Porque o final ainda está longe de acontecer. E começos são sempre felizes, os finais de fato é que nem sempre são. 

Assim eu desejo aos meus amados e (por que não?) à mim também um começo feliz. E que esse começo dure o quanto durar mas que seja sempre feliz.