sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TATI versus ODILE


Não pude deixar de me sentir impactada com o filme Cisne Negro. E digo mais ainda, que não pude deixar de me sentir impactada com a personagem Odile, o Cisne Negro. Sim, esse é o nome do Cisne Negro do ballet: Odile. Poucas pessoas sabem, mas Odile é meu segundo nome. Tatiane Odile Pasquali. Ate hoje sou zoada pelos amigos íntimos por ter esse nome. Claro, obvio. Por eu não gostar dele. Primeiro foi minha professora de Português do segundo grau que só me chamava de Tatiane Odile. Ela gostava mas eu não. Ela era o próprio Doutor House. Inteligente, sagaz e manca de uma perna. E eu a fuzilava com os olhos todas as vezes em que ela adentrava a sala com sua muleta, se dirigia à mesa, abria o livro de chamadas e no número 46 ela ditava: Tatiane Odile. “Presente. Velha manca!” E, por vezes, eu esqueci desse nome. Aboli do meu nome artístico. Matei a Odile.

Tati 1 x 0 Odile.

Então eu assisti o filme ontem. No script original do ballet o Cisne Branco se mata no fim da historia por não suportar a “traição” do seu amor, seduzido pelo Cisne Negro. Mas na realidade por trás da trama, nos bastidores, o Cisne Negro “mata” o Cisne Branco pra poder ocupar o corpo da bailarina. A bailarina que é a própria tradução da cor branca morre antes do inicio do segundo ato pra deixar a cor negra ocupar seu lugar. O negro simbolizando a sedução, a inveja, a ira, a carne, o desejo. O branco precisa morrer para que o negro nasça. Essa sensação é muito minha ou essa foi a intenção do autor? Ou essa foi a sensação dos outros espectadores? Ou essa foi a sensação de quem me ouviu contar a minha? Faz sentido pra maioria ou eu definitivamente não faço parte da maioria? Só eu fiquei com a sensação de que preciso me “matar” pra que então eu nasça de outra forma?

Se chorar pelos cantos por gostar de alguém, desde que se conhece por gente, e hoje não pensar em nada quando fecha os olhos. Se sentir obrigada a certos atos e não pestanejar. Apostar tudo. Não ter nada a perder. Seduzir. Encantar. Sorrir. Não sofrer. Minha infantilidade se mudou pra outro lugar. Se sinto saudade do que sentia? De certa forma. Continuo sentindo. Mas dessa vez sentindo meu corpo e meu vazio. A falta de opção se tornou uma escolha. Matei a Tati.

Tati 1 x 1 Odile

Terceiro round. O branco pela manhã e o Negro ao anoitecer. Ou vice-versa. Dependendo de qual gêmeo comanda minha hora. Se o gêmeo Branco. Se o gêmeo Negro.



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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

À procura.



Todos os dias pela manhã ela abre os olhos ao toque do despertador. Coloca no soneca, abraça o travesseiro e fecha os olhos novamente. Por mais 10 minutos. E depois por mais 10, se assim sua preguiça matinal desejar. Então finalmente se espreguiça. Apalpa o colchão em busca dos seus óculos. E só assim passa a enxergar as coisas com definição. Se levanta. Escova os dentes, lava o rosto. Às vezes ainda com um pouco da maquiagem do dia anterior. Prepara o desjejum. Come. Se veste. Passa protetor solar fator 30 no rosto. E sai. Vai malhar. Toma banho. Vai a praia. Vai ao banco. Vai ao mercado. Vai fazer um teste. Vai encontrar alguém. Vai trabalhar. Volta pra colocar a roupa na máquina. Lava a louça. Dá comida pro bichinho de estimação. Liga a tv. Liga o som. Desliga o ventilador. Sobe escada. Desce de elevador. Come um chocolate. Espia o vizinho. Toma um drink. Cantarola Janis. Liga pra alguém. Chora um pouco. Acende um cigarro. Manda um email. Pensa no passado. Duvida do futuro. Arrisca uma nota. Coloca um salto. Ensaia uma lingerie em frente ao espelho. Sorri pra ninguém. Ouve coisas jamais ditas. Diz coisas pra pessoa errada. Bebe um drink. Goza. Dança. Tropeça. Vê a noite virar dia. Oculta uma vontade. Mata a sede. Olha no olho. E volta pra casa. Veste seu pijama sem calcinha. De novo não enxerga o mundo com tanta clareza. Acerta o despertador. Respira seu próprio cabelo. E sonha. Sonha com o que vem amanhã. Quando ela abrir os olhos ao toque do despertador. Colocar no soneca, abraçar o travesseiro e fechar os olhos novamente. Por mais 10 minutos. 



sábado, 19 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sigo.


Errando.

Sempre.