domingo, 29 de novembro de 2009

Quero um amor maior.

Você sai. Conhece alguém. Encanta. Gosta. Recíproca. Então você se surpreende com a frequência, com a sintonia, com seu coração disparando, tão cedo! E você pede: "devolve meu coração pro bolso!" Ele não ouve, não vai ouvir. Ele gosta. A pele grita! Ele também faz tudo errado, como todos os outros. Mas a pele grita! E isso vocês ouvem. Juntos! Mas aí chega. A verdade. Que depois não é mais verdade. Virou mentira. Porque a verdade de verdade é outra. Bem outra.
Você conhecia alguém. Que já foi a pessoa da sua vida. E que não é mais. Definitivamente não mais. Por que? Ele sabe porque!

Cansei dessas relações vazias. Da falta de comprometimento. Do descaso. Da rejeição. Do desamor. Eu quero uma relação sincera, honesta, divertida. Porque eu não quero mais ser sozinha, não quero mais conhecer histórias pela metade, não quero mais cada dia um, não quero mais não ter um beijo de boa noite, não quero mais não fazer planos, não quero mais, não quero mais, não quero mais... E o mundo é muito diferente de mim. Eu quero namorar sim, porque eu já não sei o que é isso há muito tempo. Como alguém que viveu um relacionamento de anos que passou longe de um relacionamento que se preze, que se dá 100% e não aguenta mais metades, que, mesmo sabendo dos riscos, abre a guarda e não consegue ser feliz, que nunca pediu mais do que companheirismo, diversão, cinema e umas voltinhas de bike na lagoa, eu me dou todo o direito do mundo de dizer: QUEM NÃO TEM A MÍNIMA CAPACIDADE DE AMAR INCONDICIONALMENTE E A MÍNIMA CAPACIDADE DE ME FAZER FELIZ VÁ PRA P#$@V¨&##&*+!@#**. VÁ SER FELIZ NA CONCHINCHINA E ME DEIXA ENCONTRAR QUEM SAIBA.

Fase de eliminações.



P.S.1: Isso não é TPM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
P.S.2: Esse texto ficou cafona, clichê e o caralho, mas não tem como não ser!
P.S.3: Candidatos, munidos de currículo e carta de referência, favor falar com meu agente!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Despedidas me fazem chorar.




Nosso último suspiro deu-se na terça-feira da semana passada. Foi aquele chororô sem tamanho. Homenagens, declarações, tristeza misturada com muita, muita alegria. E o que fica foi tudo o que eu aprendi lá dentro. Muita bagagem profissional e pessoal eu tiro de lá. Pelas histórias maravilhosas que eu ouvi, pelos momentos incríveis dos quais fui testemunha ocular, pelos meus ídolos que se humanizaram diante de meus olhos e viraram amigos, pelas pessoas lindas que conheci, pelas pessoas que eu admirava e passei a amar, pela certeza da paixão que eu sinto pelo meu trabalho que só aumentou a cada dia, pelas guloseimas do buffet, pelos papos de camarim, pelas gargalhadas, pela admiração que conquistei, pelo prazer de vivienciar e pela dor da despedida, fui muito feliz cada minuto.
Palavras sempre faltam nessa hora, mas Cininha deu conta de publicar um texto maravilhoso em seu blog, sem se esquecer de ninguém, e que eu faço questão de compartilhar:

http://bloglog.globo.com/blog/blog.do?act=loadSite&id=17&postId=19929&permalink=true

Prefiro acreditar num fechamento de ciclo que dará lugar a uma nova fase.
Agradecida ao universo que conspirou para que eu fizesse parte desse "time" do primeiríssimo ao último dia.

Um beijo muito carinhoso, fiquem com Deus e até breve.

Tati Pasquali (Bozena)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Enquanto




Espera a noite chegar
Espera a pupila abrir
Espera o telefone tocar
Silêncio
Espera o frio abrandar
Espera o ano virar
Espera a fila andar
Espera as regras chegarem
Ufa!
Espera que ele se decida
Espera pra arrancar
Espera a tinta secar
Fresca
Espera que ela tome juízo
Espera na sala de espera
Espera revelar
O filme
Espera a voz voltar
Espera a chuva passar
Espera o leite azedar
Coalho
Espera cortar o bolo
Espera a sopa esfriar
Espera o cabelo crescer
Espera pra falar
Levanta o dedo
Espera o sol baixar
Espera o dente cair
Espera cicatrizar
Ferida
Espera fazer 18
Espera o enjôo passar
Espera bebê chegar
Espera o dia amanhecer
De olhos abertos
Espera a água esquentar
Espera o ônibus passar
Espera o tempo curar
Demora
Espera a roupa secar
Espera o dia chegar
Espera o dinheiro entrar
Espera a vontade ir embora
Ou mata
Espera a flor abrir
Espera a onda bater
Espera o prato chegar
Espera a fruta madurar
Amarra
Espera pra esquecer
Espera pra lembrar
Espera um ruído
Surdo


Vive.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Era uma casa muito engraçada...


Me lembro quando era apenas a casca. Os móveis aos poucos se encaixando. Minha pequenina irmã no moisés, com seus olhinhos curiosos. Uma dor de barriga, vontade de fazer lolinho, mas como era tudo novo eu tinha medo da descarga não funcionar. Tijolinho à vista. Um quarto pros meninos, outro pras meninas. Um erro na instalação da fiação elétrica fez com que o interruptor do quarto dos meninos acendesse a luz do quarto das meninas e vice-versa. Uma suíte pros pais. Uma churrasqueira nos fundos. Quintal, sombreiro. Ao lado um terreno baldio, que anos mais tarde deu lugar a um sobrado enorme. Na frente uma pousada, que a cada temporada vinham pessoas diferentes, de todos os lugares. Nós todos crianças. Irmãos, primos, tios, avó, amigos e casa sempre cheia. Depois do almoço era a vez das crianças lavar, secar e guardar a louça. Geladinho no congelador pras crianças e cerveja pros adultos. Jogos de cartas. Verões, carnavais, feriados. Minha irmã no andador. Que um dia, por descuido, caiu do degrau e bateu o rostinho no chão, ficando com o dentinho de leite da frente preto, até trocar pelo permanente. A tv nem sempre ajudava. Enquanto todos ficavam na frente da tv, um de nós ia até a antena do lado de fora e girava prum lado, girava pro outro. E de dentro da casa vozes gritavam: “Volta! Aí, aí. Ta bom. Não, não. Pra esquerda!” até que a imagem voltasse a ficar nítida. Revistas em quadrinhos. Meu irmão, muito anti-social*, não saía de casa, não pisava na areia. Um dia minha prima mais velha chega na sala com um lençol molhado dizendo: “quem fez xixi na cama?” Ninguém se acusa, até que descobre-se o autor.

Eu, na praia, ainda muito criança, enquanto todos falavam: “tira a parte de cima do biquíni, você ainda não precisa!” e eu teimava em usar. Onde já se viu, ficar sem a parte de cima. Mas moleca que só eu, só me dava conta que a “cortininha” tava quase no pescoço, no meio do peito, deixando aparecer o peitinho, quando riam de mim. Muitos banhos na piscina de plástico. Muitos Reveillons com a casa cheia e mesa farta. Bateria de fogos de artifício. Muitos carnavais no Bier Halley com as primas e a tia, que fazia questão de nos arrumar. Puxava todo o cabelo num rabo lateral, nos deixando quase japonesas. Desenhos e purpurina no rosto. Fantasias. Havaiana era a preferida. Brincadeiras de esconde-esconde, onde, uma certa vez, brincando de se esconder no carro, minha prima fechou minha mão na porta, me deixando com dois dedos estourados e, assim, me agradando o resto da temporada para que eu a perdoasse pelo acidente. Algumas intoxicações alimentares, algumas insolações, tratadas a maisena. Quedas da rede, que nossas mães cansaram de avisar que não era balanço. Quartos e salas amontoados de gente pra dormir. Pernilongo. Muito pernilongo.

Medo e gritaria quando aparecia alguma pererequinha dentro de casa. Passeios no centro a noite pra tomar sorvete e jogar fliperama. O trenzinho que passeava pela cidade com as crianças e gente vestida de bicho. Raspadinha de groselha. Brincadeiras na carroceria da Pampa do meu pai, onde eu dei conta de rasgar três calcinhas na hora de descer, no mesmo dia, porque o ganchinho da lona agarrava no shortinho. Joelhos ralados por conta dos caixotes no mar um pouco nervoso, mas de água morna. Alguns quase-afogamentos, evitados por algum adulto. Castelinhos, buracos, vez de enterrar quem? Caramujos, sirizinhos, conchas e estrelas do mar. Pé com piche. Patins, skate, bicicleta, bola, frescobol, bet’s, cachorro. Quando chegaram os namorados era no quarto dos meninos que eles dormiam. E a casa passou a não ficar tão cheia. No freezer nada de geladinho, só cerveja mesmo. A notícia da morte da Cássia Eller, na tv, ao vivo. “Mãe, empresta a chave do carro!” As crianças já tiveram crianças, as idas até lá cada vez mais raras.

Não tenho nenhuma passagem por lá nos últimos anos, mas guardo com carinho e saudade cada uma das minhas lembranças. Que são muitas. Na nossa casa de praia. Esse ano vou até lá. É uma promessa!



Ando me sentindo sozinha. Ando me sentindo nostálgica. Ando sentindo saudades. 







Que tempo bom que não volta nunca mais...  







* Não gosto da nova norma da língua portuguesa. Prefiro assim.