Estranho seria se isso não fosse engraçado, curioso ou até
duvidoso.
Todas as pessoas que eu conheço, inclusive essa que aqui vos
escreve, delegam a uma pessoa o titulo de “grande amor da vida”. E, sem exceção,
o tal grande amor é alguém cujo destino a levou pra longe do ser que ama. Ok. Preciso
ser mais precisa. Preciso ser precisa. Apesar de amar não ser preciso. Navegar é
que é. Mas aí estamos falando de precisão e não precisância. Ok. Preciso ser
mais sucinta. E sem trocadilhos dessa vez.
É claro que existem exceções à regra. Tipo Léo e Gláucia. Tipo
Marcos e Gláucia. Merda! Por que meus pais não me deram o nome de Gláucia???
A maioria das pessoas, e dessa vez sem citar nomes, dizem
que fulano/a foi o grande amor da vida, mas fulano/a não faz mais parte da vida
dessas pessoas. Foi um amor que existiu, mas que por motivos de força maior não
pode vingar. Um amor que durou tempo suficiente pra ser amor da vida, mas que não
durou tempo suficiente pra continuar sendo. Por que damos importância tal a um
amor que não vingou? Se era amor da vida não tinha que ser pra vida toda? Não tô
falando em sentimentos dessa vez, e sim de vida real. Até onde venho percebendo,
esse sentimento arrasador nada tem a ver com a vida prática. Mas e por que não?
Existe algo de muito errado no reino dos mortais.
O coração é um órgão vital. E só. Me lembro da minha
professora de Ciências do secundário. Um dia ela desenhou um cérebro no quadro
negro e disse que não deveríamos desenhar um coração pra expressar nossos
sentimentos e sim um cérebro. Porque é nele que moram nossas perspectivas, é
nele que moram nossos planos, é nele que moram nossas angústias. É racional. Ou
pelo menos deveria ser. Então é mole. É só pensar em outra coisa, outra pessoa.
E Eureca!!! Não. Não funciona. Então por que diabos nosso cérebro, ou coração,
ou fígado, ou rim direito, ou mindinho do pé continua afirmando que nosso amor
da vida é alguém que não faz mais parte
da nossa vida??? Será que é por que ele, o amor, não teve tempo de virar outra
coisa antes que os corpos se separassem? Será que é por que ele, o amor, mora
numa ínfima sensação de bem-estar? Será que é por que ela, minha professora de
Ciências, era burra e estava errada e o cérebro nada tem a ver com essa
palhaçada? Não sei. E muito provavelmente morrerei sem saber. Só sei que entra geração
e sai geração e o coração continua não ADD nem o cérebro e nem a razão. E que
ele, o amor, é burro, cego, surdo e tetraplégico.
Se Darwin detalhou com genialidade a Teoria da Evolução, é
preciso, tanto de precisão quanto de precisância, que um novo gênio surja pra
explicar a Teoria da Não Evolução do Coração. Teoricamente o grande amor da
vida, tem que, necessariamente ser algo ou alguém que o destino não leve. Viver
de nostalgia é bom pra donos de sebos e antiquários. A gente, seres ditos racionais,
por obrigação ou merecimento, devemos delegar a importância de “da vida” a
qualquer coisa real do dia-a-dia, e não pra fantasmas do passado.
O grande amor da minha vida só pode ser eu mesma. Afinal sou
eu quem aguenta minhas TPMs. Sou eu a única pessoa quem sabe de absolutamente
tudo o que se passa comigo. Sou eu quem tomas decisões por mim. Sou eu quem
sabe o que me faz feliz. Sou eu quem me leva aos céus, ou ao inferno. Ai, como
meu amo!!!!
Fóóóóóóóóóóóóóóóó!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!