Eu me dei ao trabalho de prometer a mim mesma que no momento
da queima de fogos eu não pediria nada. Absolutamente nada. Pularia as 7 ondas,
comeria as 7 uvas. Mas apenas por costume. Eu me sugeri não desejar nada.
Apenas agradecer. Agradecer à todas as coisas que aprendi. Todas as coisas que
conquistei. Todas as pessoas que amei. E no ultimo segundo do ano passado eu me
dei conta de uma coisa que, a princípio, me assustou. Eu, Tatiane Odile
Pasquali, virei adulta. Puft. Cresci. Justo eu que sempre tive paúra de
crescer. Sempre tive medo de ser adulta. Das responsabilidades. Trabalho, casa,
dinheiro. E meu sonho sempre foi ter uma secretária pessoal que resolveria
todas as minhas burocracias. Ser adulto pra mim era isso. Pagar contas, pensar
em comprar uma casa, cuidar da carreira, planejar uma família. E não. Foi
preciso que o último segundo da década passada me derrubasse a última ficha pra
eu entender que não. Ser adulto é ter o poder de fazer escolhas. Eu fiz
escolhas. Resolvi dizer não no lugar onde sempre dizia sim. Experimentei dizer
sim quando achava que só me restava o não. Certo ou errado. Definitivo ou
passageiro. Eu fui a única responsável por todas as coisas que me aconteceram.
Pelas coisas que me levaram à outras. Eu fiz uso do meu poder. O meu poder de
escolha. O meu direito de decidir o rumo das pequenas coisas. O meu dever de
agir como adulta, consciente e vacinada. Se eu estou aqui hoje é porque há
meses atrás eu tomei uma decisão que naturalmente foi me levando a outros lugares
até finalmente me trazer até aqui. E que ainda irá me levar a outros lugares
ainda inimagináveis. Ser adulto, de repente, não é de todo ruim. Ser gente
grande nos dá o poder. O poder de todos os dias decidir uma pequena coisa. De
todas as semanas escolher médias coisas. E de todos os anos nos sugerir grandes
coisas. Eu virei gente grande a partir do momento em que comecei a ser a única
responsável pelas minhas decisões. E sem “uni-duni-tê” ou “minha mãe mandou”.
Contando apenas com a matemática e a intuição. Se eu fiz as escolhas certas eu
não posso afirmar com certeza. Mas eu fiz as escolhas. Eu tenho esse poder.
E pra não começar o ano contando mentiras, devo confessar
que num breve momento eu, sem me dar conta, desejei algo. Sem querer, querendo
eu tive um desejo. E já decidi que um dia ele vai acontecer.
Eu gosto muito de você e de tudo o que escreve. Beijos, um feliz 2011 e que esse desejinho que escapuliu no último instante se realize em sua plenitude e que te traga muitas alegrias e felicidade.
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