terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pra não dizer que não falei dela.


Na minha janela, um presente da última visita de minha mãe. Um vaso de flor. Não sei qual o nome. Mas se parece muito com alguma que já vi em algum momento ou em algum lugar. Ou as duas coisas. Mas o fato é que todos os dias pela manhã, quando vou regá-la, tem uma florzinha muito aberta e alegre, meio vermelha, meio rosa. À noite, quando vou fechar a janela, a florzinha já se fechou e se prepara pra cair do galho. No dia seguinte, ao molhar a plantinha novamente, lá está outra florzinha nova. Pronta pra viver suas poucas horas de vida. Se alimentar do sol e depois cair ao pé da plantinha pra alimentar a terra que trará uma flor nova na planta no início do dia seguinte, que, por sua vez, cairá ao fim do dia, alimentando a planta, que dará outra no outro dia e outra no próximo e mais outra depois. E assim por diante.

Desde que percebi essa façanha de renovação da plantinha, que tem, no máximo 20cm de altura, eu me senti tão insignificante quanto esperançosa. Se um ser tão pequeno é capaz de se reinventar dia após dia, do que então eu seria capaz?

Não sei até que ponto vai a consciência da natureza, se, justamente por saber que não vai durar nem 24 horas a flor se abre e vive tão intensamente. Ou, se a sua vivacidade tem a ver com a ignorância da sua morte eminente. Não sei. Nunca vou saber. Tenho raiva de quem sabe. Apenas guardo por essa planta uma admiração que nem ela realiza. Enquanto ela deve ser da família das Fênix em forma de verde, eu observo e lhe mato a sede todos os dias. Com uma pontinha de inveja de uma planta que vive na minha janela dos fundos.

Um comentário:

  1. Vais lembrar sempre de mim qdo veres a plantinha. Ela é assim, a mostrar a renovação da vida a cada dia.

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