domingo, 13 de setembro de 2009

Sair desse lugar!



Como se termina um relacionamento? Como se cortam os laços? Como se despede de alguém que é você mesmo só que do avesso? Como se quebra, como se fecha um ciclo? Como não ver mais alguém que participa efetivamente da sua vida?
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Tudo bem, deve ser mais ou menos como parar de fumar. No começo você se sente nua, sai de casa com a sensação de que esqueceu de colocar as calças, mas depois acostuma. Assim espero.
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Tu tu tu tu tu tu...
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Mais uma vez o telefone ficou sem linha esperando o número ser digitado. E do outro lado da linha, onde ele deveria tocar, a outra pessoa talvez sequer lembre que ainda tem seu número na agenda. E será mesmo que ainda tem? Quanto tempo leva pra sermos esquecidos? Quanto tempo leva para nos tornarmos mais um na multidão?
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Hoje vou citar algumas tantas pessoas, pra que esse assunto seja visto como universal. Porque quando dói na gente, a gente pensa que não dói assim em mais ninguém. Mas, "sentir dor, dói", já dizia meu amigo Andy Gercker num vídeo lindo que vi dele outro dia em seu blog. Então não sejamos egoístas, embora a nossa dor seja do tamanho de uma jamanta, dói em todo mundo. E “todo mundo é muito parecido quando sente dor”. Essa eu não sei de quem é.
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Outro dia uma amiga (porque alguns nomes tem que ser preservados) que é loucamente apaixonada pelo seu “Tananan”, como ela mesma diz pra não dizer namorado, discutiu com o dito cujo e resolveu pegar uma balada em plena segunda-feira. Me ligou e disse: to passando aí de táxi. Ok! Lá vamos nós. Bebemos, dançamos, encontramos velhos conhecidos em comum, conhecemos outros tantos, um perrenguinho aqui uma lua cheia ali, curtimos nossa noite e quando voltávamos juntas de táxi ela me solta a seguinte pérola: “Ai, senti falta daquele puto! Eu não entendo, antes era tão fácil terminar, eu dizia tchau e pronto! Por que que com ele eu não consigo?” Éééééé amiga. Sempre chega a hora em que é difícil dizer tchau, porque não é isso que nosso coração, nosso corpo e nossa alma desejam, embora, às vezes, nosso orgulho seja muito maior do que tudo isso. E isso não tem nada a ver com “Quando se é jovem, é só terminar e pronto. Parte pra outra... Mas quando você fica mais velho, você tem mais ligações ... Mais intimidades” como me disse outro dia um ex-amor recente. Desde quando isso tem a ver com idade? Isso não tem nada a ver com idade, geografia ou tempo. Você enche o peito pra dizer que não gosta mais e está colocando um ponto final, mas, no fundo (e nem tão no fundo assim) não tem a menor certeza do que está fazendo. E dar um pé na bunda não é menos pior do que receber. Você leva pro resto da vida a responsabilidade pelo fim. Porque “Sexo bom é fácil de achar. O problema é achar sexo bom + papo bom + afinidades + química + encaixe + carinho + amizade + cumplicidade + companheirismo + apoio profissional + aceitação + boa convivência + diversão + admiração mútua”. Essa matemática horrorosa é minha mesmo! “Os outros são os outros”, me enfiou isso na cabeça o Leoni! É realmente muito difícil admitir que você não consegue mais viver sem tal pessoa. Por mais doloroso que seja, ainda é mais simples matar o amor pra no final provar pra você mesmo que você pode viver sozinho. E pode. É uma opção. E você diz que nunca mais. Nunca mais amor. Nunca mais envolvimento. Mas Caio Fernando Abreu é mais sincero: "Não meu bem, não adianta bancar o distante, lá vem o amor nos dilacerar de novo!" E como dilacera esta merda! As ressacas que o digam.
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Segundo Nelson “A fidelidade deveria ser facultativa”. E deveria mesmo. A fidelidade por opção é muito melhor do que a por obrigação de. A mesma boca, o mesmo sexo, o mesmo cheiro, o mesmo abraço. É bom, gente! Quem disse que não? Afinal, “O bom amor me diverte!” já dizia Elísio, o boêmio. E loucuras de amor existem e estão aí pra serem loucas mesmo porque o amor e a razão não se entendem sexualmente, não tem uma boa convivência e, definitivamente, não foram feitos um pro outro. E, como me disse ainda outro dia num breve papo virtual um antigo e passado amor “ ‘Louco’ pode ser um estado de espírito e ninguém está livre disso.”
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Mas o universo às vezes tem mania de nos provar que estávamos errados, só pra nos jogar na cara o quão pequenos somos em relação a ele. Então ele dá voltas e voltas e mais voltas. “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Me irrita concluir que Vinícius estava sempre certo, em tudo o que dizia. Às vezes eu tenho medo de chegar aos 40 ainda chorando como uma adolescente por mais um amor que não deu certo, assim como tenho medo de que meu coração vire uma pedra. Acho que estou mais próxima da segunda opção. Há muito pouco tempo atrás era muito diferente, era mais fácil acreditar. Hoje eu acho que acabei também banalizando a coisa. Mas não sei bem se é o indivíduo quem faz a circunstância ou se é a circunstância que faz o indivíduo. Faço disso meu consolo.
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Mas beleza, "Aí eu me afogo num copo de cerveja, que nela esteja minha solução", como diz o SPC.
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Beijomeligaemelevaprajantar.
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P.S. I: Acabou de tocar na rádio o que o locutor chamou de “a nova do Lulu”. Particularmente, a nova do Lulu mais parece a velha do Lulu.
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P.S. II: Infelizmente não pude assistir ao show doBeirut no Rio, apesar de ter pentelhado meia dúzia de gente e de ter colocado um ‘responsável’ para conseguir um ingresso na porta do teatro. Mas um conhecido meu foi ao show, e, ao perguntar-lhe como foi ele me responde: “Bacana. Normal” POR-RA!!! Bacana???????? Normal????????? Isso lá é opinião que se dê de um show do Beirut???????????? Oras...

Um comentário:

  1. Realidade fascinante. Também sinto esse medo teu. Nosso. De todos e todo um pouco.

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