Ano de Copa do Mundo sempre foi pra mim, anos muito decisivos. Sabe
Deus porque. Mas foram todos muito intensos, onde coisas muito
importantes aconteceram na minha vida.
Tudo começou no ano de 1982. Ano de Copa do Mundo. Ano do meu
nascimento. Só com uma gravidez já avançada é que minha mãe descobriu
minha existência. E às 17:00h do dia 24 de maio eu vim ao mundo através
de uma cesariana.
A primeira Copa do Mundo que eu assisti foi a de 1994, já
com 12 anos de idade. Eu, minha irmã menor, meu irmão mais velho e
nossos pais compramos bandeiras, camisetas e cornetas e nos juntamos ao
resto da família pra assistir aos jogos. Eu pintava o rosto de verde e
amarelo e, mesmo sem entender patavinas de futebol, eu xingava o juíz,
vibrava e gritava gol até perder o fôlego. A primeira Copa que eu
assisti o Brasil foi Tetracampeão. E até hoje eu me lembro da minha
alegria ao ver o técnico Parreira, que, diga-se de passagem, eu já o
achava a cara do meu pai, dando cambalhotas no gramado do estádio. A
primeira concepção de futebol pra mim foi a de vitória. Orgulho. Eu
ganhei um herói que era a cara do meu pai. E minha felicidade não podia
ser maior porque eu via como as pessoas podiam ser próximas numa época
como aquela. Todos saíam do trabalho mais cedo e todos nos econtrávamos
na casa de uma tia, da avó, ou então todos vinham à nossa casa. Minha
família nunca esteve tão próxima. Era como se tivéssemos uma festa de
Natal toda semana. Eu queria que aquilo nunca acabasse.
Na
Copa seguinte, em 1998, minha família já dava indícios de que não seria
uma família pra sempre. Foi no início desse ano que eu descobri o sexo,
o amor na sua completude. E também foi no final desse ano que eu
descobri a dor maior que uma romântica criatura pode sentir: o fim de um
relacionamento, sem o fim do amor. Meu namorado, meu primeiro amor de
fato, a primeira pessoa com quem um dia eu sonhei em me casar e ter
filhos, resolveu correr atrás dos seus objetivos e se mudou pro
hemisfério norte. Me deixou chorando e escrevendo cartas durante meses.
2002,
ano do Penta. Ano também em que meus pais se separaram. Ano esse,
aliás, de muita porrada na cabeça. Eu brigava comigo mesma pra
sobreviver à uma grande desilusão amorosa. Eu assisti ao jogo da final,
que aconteceu num domingo de manhã, com duas amigas no apartamento para o
qual eu tinha acabado de me mudar com minha mãe e meus irmãos. Nesse
dia, num bar depois do jogo, pela primeira vez eu troquei olhares com um
rapaz muito interessante. No ano seguinte ele se tornou meu marido.
Em
2006, já morando no Rio, eu ganhei de presente de aniversário de uma
grande amiga um Mapa Astral. Ela marcou com a astróloga pro mesmo dia do
primeiro jogo do Brasil na Copa. Eu escutava, ao mesmo tempo, aquela
senhora me dizendo coisas impressionantes sobre mim e os fogos de
artifício que anunciavam a proximidade do início do jogo. Eu já vinha
tentando tomar uma decisão, mas me faltava coragem. Mas eu ouvi dessa
mulher uma frase que me fez tirar a aliança e deixá-la em cima da mesa
da minha sala depois do jogo, antes de sair pra trabalhar no Pub. Foi o
fim do meu casamento. E também foi no final desse mesmo ano que eu
conheci, na festa de aniversário de uma amiga, quem, meses depois eu
chamei de "pedaço de mim", por nunca ter conhecido alguém que me
completasse tanto em todos os sentidos. Mas na prática foi bem
diferente.
Ano de 2010. Ano de Copa do Mundo. Ano do meu retorno de Saturno.
Solteira. Galgando degraus profissionais. Com meio ano ainda pela
frente. Dentre tudo o que já me acontece até aqui, desde primeiro de
janeiro, o que será que ainda me aguarda?
Eu e "Parreira", ano 1982.
aaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! (foi mal. muita pocorruchice. nao resisti)
ResponderExcluirnossa!!! amei!! eu nasci em 84 entao nada a ver os anos de copa pra mim... mas sabe que eu tenho a mesma sensaçao... de que coisas importantes da nossa historia acontecem em anos de copa do mundo?? talvez porque as copas do mundo por si sò marquem periodos.. A descriçao da familia toda reunida que ve o jogo...eu tb sentia a mesma coisa.. mas foi uma copa sò... e toda aquela emoçao de seguir os jogos, festejar a cada gol, no intervalo sair na rua queimar bombril e estourar bombinha com os primos e primas... toda aquela emoçao pra mim acabou com a derrota contra a França... isso era 1998 acho.. a minha primeira copa... uma grande desilusao!Me ensinou a nao esperar muito mesmo que o "jogo" pareça ja ganho, mas me deixou o gostinho de saber que muitas pessoas deixam de lado grandes diferenças e se unem ou se aproximam em nome de uma grande paixao...seja ela qual for.! Adorei o texto!! ;)
ResponderExcluirComentários à parte, voce é simplesmente voce.
ResponderExcluirLinda e inteligente. Sempre escrevendo coisas lindas e interessantes, lembranças inesquecíveis,mesmo que não agrade a todos.
Beijos.