O primeiro me chegou como quem vem do florista.
Trouxe na mão uma rosa em um vidro de perfume. Me olhou nos olhos e encontrou
minha alma. Falou de saudades. Indagou o futuro. Abraçou meu choro. Soluçou na
minha emoção. Me contou seus medos. Me deu raiva suas dúvidas. Se fez confuso.
Cantou pra mim. Quis mais. Me quis que eu sei. Pôs a prova nossa saudade.
Sonhou com meu colchão. Pra depois espezinhar. Ignorar. Mentir. Dissimular. Me
deu um quando éramos só os dois. Me deu outro quando éramos multidão. Me causou
indignação mais uma vez. Mas já não me trouxe dor.
O segundo me chegou como quem chega do bar. Correspondeu a minha
vontade no meio da pista de dança. Dançou comigo música lenta enquanto nas pick
ups batia um samba. Me pagou jantares. Me deu um Saramago. Sentiu saudades. Me
desejava todos os dias. Me dava maturidade. Experiência. Cinema. Me chamava de
mulher e me queria menina. Me encontrava zonza. Me namorava. Me queria como
ninguém na maior reciprocidade que já tive em vida. Me deu o melhor
sexo. E amor. Pra depois fazer silêncio sob a minha descoberta. Sumir por uns
dias. Quebrar o constrangimento pra falar da filha pequena. Passar dias com a
família na metrópole maior. E voltar cheio de fome de mim. Continuar me levando
pra jantar. Me dizer coisas sujas e apaixonadamente me requerer. Se apossou do
meu desejo. E me fez parar de duvidar do seu amor.
O terceiro me chegou como quem chega do nada. Surgiu na minha frente
às cinco da manhã. Me fez responsabilizar o álcool pela visão turva da coisa. Exigiu
minha atenção. Me causou medo e desejo. Me comparou à menina de 10 anos atrás.
Me enxergou. Falou meia dúzia de frases desconexas. Se mostrou um menino
nervoso diante da mulher que me tornei. Seguiu meus passos. Encontrou minha
luminária sobre a cama. Reconheceu meu cheiro. Matou minha curiosidade. Pra
depois contar segredos. Discordar da minha certeza. Declarar seu amor e seu
medo. Me levou ao passado. Me deu todo o carinho economizado por suas próprias
razões. Falou da expectativa de anos. Riu quando eu disse que deveríamos voltar
às nossas vidas normais. Se despediu querendo ficar. E fez o meu divisor de
águas.
Ciclos que não se fecham e que acham a nossa porta anos depois. Fazem
Knoc. Knoc. Essa certeza me trouxe calma. Esperança. E pena.
Ficou mais fácil perceber que a minha capacidade em me doar é tão grande
quanto à de deletar. E não sentir culpa faz parte desse processo. Eu não serei
menos feliz por isso.
Uma menina geminiana com ascendente Escorpião, que já provocou e
sentiu tanto amor em tão pouco tempo de vida, não deve ser de todo mal. Esses três são
só alguns dos últimos exemplares. Alguns vão ficando pra trás. Outros vão seguindo
comigo até uma esquina qualquer. Outros vão me encontrando pelo caminho. Outros
ainda vão escolher seguir comigo pra vida.
E pra brincar com uma combinação tão intensa como a minha só se for
pra brincar de verdade! Porque é o que eu faço ;)
Com certeza, não valiam a pena, Tati. Por isso ficaram pra trás. Melhor que fiquem. Não se deixe magoar por eles. Vai ver tinham pés de barro. Mas sabiam fazer um bom marketing pessoal. E mesmo o seu Gêmeos ancorado pelo terrível Escorpião, se deixou arrastar pela velha história do príncipe encantado.Pois é,Tati, os principes de hoje são muito tolos, infantís e decepcionantes. E uma garota como vc escreve melhor que muitos deles...
ResponderExcluirQuem é Eli???
ResponderExcluirJá nos esbarramos por aí, Tati. Mas deixe-me ficar como uma esfinge virtual. Melhor assim. Só não me prive dos seus textos, sempre encantadores.
ResponderExcluirNão te privo não. vc é muito bem-vindo(a) aqui. mas deixar uma geminiana curiosa é muita sacanagem! rs.
ResponderExcluirTati, há pouco comecei a seguir os seus textos e fiquei ligado ao blog pois sempre as suas idéias disparam outras idéias em mim. Gosto muito do que voce escreve! Acho que inevitável, e até necessário, que as pessoas cheguem, passem e algumas saiam das nossas vidas deixando lugar pra outra pessoa que virá depois. Nos deixam alguma marca, importante ou pequena, nos fazem melhores ou nao. Mas sempre é um avanco na estrada.
ResponderExcluirOlá, também sou uma geminiana com ascendência em escorpião.
ResponderExcluirTexto maravilhoso, amei!