terça-feira, 13 de julho de 2010

O que fazer com os ossos?


O que fazer com aquela pessoa que você foi e não é mais? 

O que fazer com aquela pessoa que morava dentro e fora de você e que não existe mais? 

Onde esconder os restos mortais da parte de você que morreu e não ressuscitará? 

Onde desovar você, que não mais é você? 

Feito poeira, debaixo do tapete? 

Feito gente indigente, debaixo da ponte? 

Feito criança que deixou o mundo precocemente, entre as nuvens do céu? 

Feito boneca de pano desprezada pelas regras, debaixo da cama? 

Feito embalagem longa-vida, no lixo? 

Feito guimba de cigarro, entre as cinzas? 

Feito disco de vinil, no antiquário? 

Feito prova do crime, debaixo da terra do quintal? 

Feito inspiração, no subconsciente? 

Feito náufrago, numa ilha desconhecida? 

Ou feito amor que não sarou, num cantinho escondidinho do seu coração? 

Um comentário:

  1. Duas contribuições que não são minhas...

    "Quando era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, DESISTI DAS COISAS PRÓPRIAS DE MENINO.

    [...] Agora pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o Amor."
    _ I Coríntios 13

    -----------------------

    "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." _
    (dizem que é de Fernando Pessoa, mas não é. Me parece que é de Fernando Teixeira Andrade.)

    Beijo

    ResponderExcluir