sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Remota Memória.



A lembrança mais antiga que tenho da minha vida é a casinha de madeira na Vila Hauer, onde morei até os 3 anos de idade. Lembro da tábua corrida do chão, do muro baixinho, da grama meio gasta. Lembro do meu quarto. De uma penteadeira cheia de bonecas com os rostos rabiscados de canetinha,  porque eu já era uma artista. Lembro de um sofá. Lembro da minha mãe sentada nele. Lembro da moto do meu pai. E da Brasília amarela. É tudo muito vago. Flashes. Mas aquilo era de uma segurança total pra mim. Eu me sentia protegida, como nunca mais voltei a me sentir um dia.



A segunda lembrança mais antiga que tenho da minha vida é a casa onde funcionava o escritório do meu pai. Um sobrado. Minha irmã ainda era um anjo no céu. Até então éramos só eu e meu irmão mais velho. Passávamos algumas tardes lá. Era uma casa muito grande, com um pé de mamão nos fundos. Mamões esses que nunca vingaram, porque a gente gostava de fazer um risco no mamão verde com a unha e ver aquela água leitosa pingar da fruta. Um quintal grande cheio de quinquilharias e a gente desbravava aquilo tudo. O segundo andar da casa era cheio de quartos. E a escada pra se chegar até lá era imensa. O corrimão fazia vez de escorregador na hora de descer. Na cozinha um velho fogão à lenha. Um cheiro naquela casa que nunca esqueci. Muitos anos depois, coincidentemente, essa casa foi vendida à um genial ator e diretor de clowns, onde eu fui estudar por alguns meses. Anos tinham se passado quando voltei a entrar naquela casa. Minha primeira reação foi questionar o porquê tinham diminuido a escada que dava pro segundo andar da casa. Barulhinho de ficha caindo. Eu é quem tinha crescido!


Por que mesmo a gente tem que crescer?

(...)

3 comentários:

  1. Me faço esta mesma pergunta diariamente!!!!

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  2. Ah...que saudade do tempo de pequeno, onde os problemas eram igualmente pequenos, mas os sonhos ENORMES!!!

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