quarta-feira, 14 de abril de 2010

All We Need is Love??



Você gosta do meu jeito. Você gosta da minha personalidade temperamental. Você gosta do meu corpo. Dos meus vinte e poucos anos.
Eu gosto do seu cheiro de tabaco. Eu gosto da sua filmografia. Eu gosto da sua voz grave me chamando de mulher.
Já está de bom tamanho pra mim.
Você pode continuar dizendo que me ama. Eu gosto de ouvir. Mas não pretendo acreditar. É que seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer.
Também não pretendo fazer planos com você. Nós não vamos nos casar e não teremos filhos. Desculpe. Não é absolutamente nada pessoal. É que eu deixei de acreditar na instituição do casamento. Eu sequer acredito mais no contrato do compromisso. O namoro sério virou lenda. Nada mais é respeitado. As regras se perderam. A próxima geração terá que procurar no dicionário o significado da palavra fidelidade, se quiserem saber o que significa.
Você não vai conhecer minha família. E eu não vou conhecer a sua.
Mas não se preocupe comigo. Eu não estou triste. Pelo contrário. Muito próximo de chegar ao retorno de Saturno eu estou descobrindo novas formas de amar. O amor homem-mulher deixou de ter regras pra mim. Porque no momento em que eu deixava de acreditar nesse amor eu descobri que ele existe sim. Tem várias facetas. E não é eterno. Eu posso te amar em breves momentos.
Muito provavelmente, ao contrário do que ditava minha vã crença, eu não me casarei. Nem com você e nem com ninguém. Acho que já perdi a vontade. Não vou começar algo que, certamente, não será pra sempre. Mas isso não quer dizer que não viverei infinitas histórias de amor.
Filhos eu terei, esses sim. Tenho loucura por isso desde que me conheço por gente. E, quando esse dia chegar, eu descobrirei que eu nada sabia sobre o amor, como você mesmo me disse certa vez.
Então, eu não te cobro exclusividade. E não me importo com a condição. Você pode virar pro lado e dormir sem culpa. Eu já aprendi a me ninar sozinha. Apenas me faça feliz. Me faça rir de pequenas bobagens. Faça todas aquelas coisas que você sabe que eu gosto. Diga todas aquelas asneiras que eu gosto de ouvir. Me trate bem. Me ouça falar por alguns minutos. Mas não muitos. Me faça esquecer meus compromissos da semana. Me passe a bola e viaje comigo. Me leve ao céu por alguns segundos. E não se sinta na obrigatoriedade de me ligar no dia seguinte. Eu até prefiro assim.
E vamos combinar que mentiras não são mais necessárias.
Eu também sei como te fazer feliz. Aprendi a respeitar seu espaço e sua geniosidade. Eu também preciso respirar. Eu não pretendo te contar por onde andei enquanto você me procurava.
Tudo o que eu tenho a te oferecer é o meu amor. O amor de te dar prazer. O amor de te deixar irritado com minha necessidade pela posse do controle remoto. O amor de ser sufocadora na segunda-feira e liberta na sexta. O amor de lhe escrever um texto. O amor de te dar carinho. Mais até do que pode suportar sua inquietude. O amor dos sintomas de saudade quando você passa dias fora da cidade, na sua vida, que já existia muito antes de eu cruzar o seu caminho. O amor de odiar o seu signo. O amor. Dessa forma passageira. Ainda que dure anos.
É muito bom saber que eu não tenho a obrigação de te fazer feliz pra sempre, até que a morte nos separe. E que nós dois só seremos dois quando realmente estivermos a fim.
E eu sei que você também prefere assim. Talvez te frustre o fato de você estar envolvido com uma mulher que te ama mas não te ama de fato. Não que você quisesse. Não que você precisasse disso. Mas normalmente é o que acontece. As mulheres sempre amam antes e depois do período do amor do homem em relação a elas. Talvez eu esteja aprendendo a amar como um homem. É isso. Estou deixando de amar feito mulher. E devo dizer que inteligentes são vocês. Essa é a melhor maneira de se amar. E você já me faz feliz por despropositalmente ter me ensinado isso.
Sem compromissos. Sem maiores explicações. Poucas palavras e muito ato. Sem projeções. Emoções só as momentâneas. Sem promessas que jamais serão cumpridas. Freedom. Esse é o amor que eu quero daqui pra frente.
E que venha o Saturno com seu retorno, suas voltas e seus mortais.
Eu me sinto feliz.


  

3 comentários:

  1. isso deve ser coisa de saturno mesmo, me sinto exatamente assim!

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  2. Texto de antologia.
    Uma pancada maravilhosa.
    Está tudo, tudo aqui.
    Bj.

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  3. Amada...adorei...exatamente isso....esse e o amor melhor e o amor que tb quero pra mim, afinal...nao queremos mais sofrer e somos independentes :) te amo xx

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