sexta-feira, 9 de abril de 2010

Entorpecente.



Eu o conheci na festa de uma amiga. Fiquei logo tentada, parecia muito bom. Mas só fui experimentar uma semana depois, num bar.
Uma sensação de bem-estar tomou todo o meu corpo. Fiquei pisando em nuvens. Era a melhor coisa do mundo. E eu sabia que eu não iria parar por ali. Eu queria mais.
No começo a freqüência era pouca. Uma vez a cada quinze dias. Depois uma vez por semana. Eu não fiz o menor esforço pra impedir. Me jogava de cabeça cada vez que tinha vontade. Me jogava de corpo e alma em troca daquela sensação jamais sentida. Quanto mais eu tinha, mais eu queria. Então, como era de se esperar, a freqüência foi aumentando. Um fim de semana inteiro. Depois outro. Pra sair pra balada, pra ir ao cinema, pra ir à praia, pra ficar em casa. Eu vivia num estado de euforia, alegria. Me sentia cheia, completa, feliz.
Inalava, degustava, tateava ou apenas passava horas só olhando. Admirando o objeto de desejo. Já estava na veia. Nos pulmões. No cérebro. Em cada pedaço de mim. Viciei.
Então veio a primeira obrigação em parar. Perdi meu chão. Chorei, perdi o sono. Fiquei doente. Foi aí que eu me dei conta que eu não podia mais viver sem. Daquilo dependia minha sensação de ser completa. Não agüentei. Foi mais forte do que eu. Aos poucos fui retornando. Aos poucos. Até que, quando vi já estava novamente dependente. Novamente entregue. Novamente cheia, completa, feliz.
Tempos depois eu achei que não estava feliz e quis parar mais uma vez. E de lá pra cá eu fui vivendo dessa maneira. Indo e vindo. Me afastava, mas logo em seguida tinha uma recaída e voltava. Ficava feliz. Ficava derrotada. Ia alternando meus sentimentos.
Agora, há pouco tempo atrás, eu percebi o tamanho do mal que isso estava me fazendo. Porque descobri que a felicidade era ilusória. Então eu decidi parar de vez.
A parte mais difícil dessa luta são as crises de abstinência. A dor é emocional, física. A dor é na alma. Às vezes eu acordo no meio da noite, com a vontade batendo forte. Nos shows que vou assistir pra me distrair ainda tenho aquela sensação de que está faltando algo. Em casa nos dias de chuva, sem ter o que fazer. Nos domingos de praia. Só quem já passou por isso sabe o buraco que fica. Porque ninguém é capaz de te compreender. As pessoas acham que é simples. Frescura. Sem-vergonhice. Mas a coisa é bem outra. Viver sem algo que te trazia felicidade plena e preenchimento na vida, não é coisa fácil. A tentação é grande. A vontade de me mandar à merda e começar tudo de novo às vezes é gritante. Mas eu me amarro ao pé da cama, se for preciso. Tomei a decisão de me afastar de vez.
Não procuro mais. Evito até falar sobre. Não sei se conseguirei ter essa força pro resto da vida. Sei que será uma tentação que terei que lutar contra pra sempre. Mas devo dizer que, por hora, estou obtendo sucesso. Tenho me sentido melhor. Tenho sido mais forte do que um dia imaginei que seria. Eu sei que não posso ter só um pouquinho, porque a cada aproximação eu quero mais e mais e começa tudo de novo. Eu já coloquei na minha cabeça e relembro meu coração todos os dias quando acordo e todas as noites antes de dormir: eu não posso mais, isso não me faz bem! E cada dia que eu passo sem pra mim é um recomeço.
Mais 24 horas.


2 comentários:

  1. Vc tá falando de AMOR?
    Nossa, se encaixa perfeitamente...
    Compartilho total de todas as sensações!
    bjsss!

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  2. Mais 24h, amiga... só mais 24h... sei bem o que é isso.
    I'm totally addicted to love!

    Fazer o q, né? rsrs... bjoooooooo!

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