Eu o conheci na festa de uma amiga. Fiquei logo tentada,
parecia muito bom. Mas só fui experimentar uma semana depois, num bar.
Uma sensação de bem-estar tomou todo o meu corpo. Fiquei pisando
em nuvens. Era
a melhor coisa do mundo. E eu sabia que eu não iria parar por ali. Eu queria
mais.
No começo a freqüência era pouca. Uma vez a cada quinze
dias. Depois uma vez por semana. Eu não fiz o menor esforço pra impedir. Me jogava
de cabeça cada vez que tinha vontade. Me jogava de corpo e alma em troca
daquela sensação jamais sentida. Quanto mais eu tinha, mais eu queria. Então,
como era de se esperar, a freqüência foi aumentando. Um fim de semana inteiro. Depois
outro. Pra sair pra balada, pra ir ao cinema, pra ir à praia, pra ficar em casa. Eu vivia num estado
de euforia, alegria. Me sentia cheia, completa, feliz.
Inalava, degustava, tateava ou apenas passava horas só
olhando. Admirando o objeto de desejo. Já estava na veia. Nos pulmões. No cérebro.
Em cada pedaço de mim. Viciei.
Então veio a primeira obrigação em parar. Perdi meu chão.
Chorei, perdi o sono. Fiquei doente. Foi aí que eu me dei conta que eu não podia
mais viver sem. Daquilo dependia minha sensação de ser completa. Não agüentei. Foi
mais forte do que eu. Aos poucos fui retornando. Aos poucos. Até que, quando vi
já estava novamente dependente. Novamente entregue. Novamente cheia, completa,
feliz.
Tempos depois eu achei que não estava feliz e quis parar
mais uma vez. E de lá pra cá eu fui vivendo dessa maneira. Indo e vindo. Me afastava,
mas logo em seguida tinha uma recaída e voltava. Ficava feliz. Ficava derrotada.
Ia alternando meus sentimentos.
Agora, há pouco tempo atrás, eu percebi o tamanho do mal que
isso estava me fazendo. Porque descobri que a felicidade era ilusória. Então eu
decidi parar de vez.
A parte mais difícil dessa luta são as crises de abstinência.
A dor é emocional, física. A dor é na alma. Às vezes eu acordo no meio da
noite, com a vontade batendo forte. Nos shows que vou assistir pra me distrair
ainda tenho aquela sensação de que está faltando algo. Em casa nos dias de
chuva, sem ter o que fazer. Nos domingos de praia. Só quem já passou por isso
sabe o buraco que fica. Porque ninguém é capaz de te compreender. As pessoas
acham que é simples. Frescura. Sem-vergonhice. Mas a coisa é bem outra. Viver sem
algo que te trazia felicidade plena e preenchimento na vida, não é coisa fácil.
A tentação é grande. A vontade de me mandar à merda e começar tudo de novo às
vezes é gritante. Mas eu me amarro ao pé da cama, se for preciso. Tomei a decisão
de me afastar de vez.
Não procuro mais. Evito até falar sobre. Não sei se
conseguirei ter essa força pro resto da vida. Sei que será uma tentação que terei
que lutar contra pra sempre. Mas devo dizer que, por hora, estou obtendo
sucesso. Tenho me sentido melhor. Tenho sido mais forte do que um dia imaginei
que seria. Eu sei que não posso ter só um pouquinho, porque a cada aproximação eu
quero mais e mais e começa tudo de novo. Eu já coloquei na minha cabeça e
relembro meu coração todos os dias quando acordo e todas as noites antes de
dormir: eu não posso mais, isso não me faz bem! E cada dia que eu passo sem pra
mim é um recomeço.
Mais 24 horas.
Vc tá falando de AMOR?
ResponderExcluirNossa, se encaixa perfeitamente...
Compartilho total de todas as sensações!
bjsss!
Mais 24h, amiga... só mais 24h... sei bem o que é isso.
ResponderExcluirI'm totally addicted to love!
Fazer o q, né? rsrs... bjoooooooo!