segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Censo.


Eu olho pras janelinhas acesas nos prédios. Uma luz que se acende. Outra que se apaga. Uma luz azul piscante de televisão ligada. Uma meia-luz. Fico me perguntando o que estarão aquelas pessoas fazendo. Se a família inteira está reunida na mesa do jantar. Se um casal faz amor. Se uma mãe lê histórias pro filho dormir. Se alguém chora no canto do quarto. Se o pai discute com a mãe. Se alguém assalta a geladeira. Se o cachorro rói os sapatos caros da dona. Se os irmãos brigam pelo controle do vídeo game. Se alguém pegou no sono e a tv ficou ligada. Se algum solitário escreve no seu blog. 

Da janela do meu quarto eu vejo dois prédios desafiando a física e subindo de encontro ao céu. E fico imaginando quem serão as pessoas que em breve habitarão aqueles metros quadrados. Se um casal recém-casados com gêmeos na barriga. Se uma mulher e sua mãe idosa. Se um filho adolescente e rebelde com os pais ausentes. Se um senhor cego e seu labrador. Se um fugitivo da polícia Colombiana. Se um velhinho rico e sua linda esposa de 29. Se uma viúva e sua coleção de gatos. Se a mulher da vida dele com o homem da vida dela. 

7 bilhões de pessoas no mundo. E ninguém é coadjuvante. Todo mundo é protagonista da própria história. 

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