sábado, 13 de novembro de 2010

Amar é...




Um dia ela me olhou com aqueles olhos azuis de safira e perguntou minha idade. 18, disse eu. Ela sorriu, meio amarguradamente, dizendo: “eu tenho 28, dez a mais que você. Aproveite enquanto você ainda tem a capacidade absoluta de amar. Amar pura e incondicionalmente. Ao longo do tempo você vai passando por coisas e sua forma de aplicar o amor vai mudando. Quando você chegar à minha idade você vai ver viver o amor de maneira diferente”.

Dez anos se passaram e eu cheguei à idade dela. E ela tinha toda razão. Ou não. Amar aos 18 é achar que aquela pessoa é amor pra vida inteira, pra ter netos e passar os últimos dias da vida na varanda da casa, cada qual em sua cadeira de balanço. É não conseguir se imaginar sem a razão da sua inspiração pra escrever cartas ou passar um fim de semana inteiro chorando porque foi obrigada a viajar com os pais deixando o ser amado pra trás. Amar aos 28 é saber que o buraco é muito mais embaixo e que, provavelmente, se teve começo terá fim. E, que não necessariamente isso seja melhor ou pior. A razão de minha colega de questões amorosas de 10 anos atrás mora na sua colocação de que, com o passar do tempo, vamos transformando a maneira de aplicar nosso amor. Me perguntei  e te perguntei outro dia se eu de fato amo ou se é só uma ilusão produzida pelo meu coração a partir de uma solidão momentânea. Será que amamos uma única vez na vida, antes dos 18 até, e a partir disso tudo é apenas uma tentativa de reviver ou esquecer ou substituir aquilo? Rodriguianamente falando, se acaba é porque não era amor. Já o poetinha escreveu as mais comoventes e belas poesias sobre o amor, mas se casou diversas vezes. Se pra toda regra existe uma exceção, pra cada amor existe uma regra. E pra cada uma dessas regras existe um amor. Antes fosse tipo receita de bolo. Mas por enquanto, a gente vai vivendo 18, 28, 58, 98 anos tentando entender e viver e sobreviver ao amor.

3 comentários:

  1. Mtoooooooooooo bommmm!
    Eu tento me aventurar ao escrever sobre o amor tb...mas é pura ilusão, pq o Amor não tem explicação, não tem razão de ser, ele simplesmente é.

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  2. Fala Tati!

    Meu nome é Alexandre! Vi você no SESC GINÀSTICO ontem! A peça tá ótima! Fui atraído pelo texto do Xexéo e direção da Marília... me deparei com sorriso lindo seu no palco e uma ótima atuação!! E para minha surpresa ainda encontro por aqui uma super escritora! Sucesso!!

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