Eu não me lembro com exatidão do momento em que deixei de
acreditar em Papai Noel. Também não me recordo de quando entendi que heróis eram
feitos apenas de excesso de imaginação. Mas sei do dia, hora e minuto em que
compreendi que nada, absolutamente nada, dura pra sempre. Ontem, exatamente
ontem, um click me abriu os olhos ao mesmo tempo que os encheu de água. Nada dura
pra sempre. Não atuarei na minha profissão para todo o sempre. Ela me
decepciona, na maioria das vezes. Não serei capaz de amar alguém pra sempre, ao
passo que também não serei amada pra sempre. Nem mesmo pela minha mãe. Porque um
dia, não mais que de repente, ela será levada desse mundo, e como desconheço o
mundo do lado de lá e nem sei sequer se de fato ele existe, muito provavelmente
ela ficará apenas na memória. E memórias não amam. Muito menos pra sempre. A própria
memória um dia se esvairá. Se desbotará aos poucos até sumir pra sempre. Minha beleza
durará apenas mais alguns anos. Meus livros preferidos serão comidos por
traças. Meus cds, que contam pedaços da minha história através de fotos e vídeos
ali gravados, um dia serão lixo reciclável. Minhas palavras serão
esquecidas. Meus amores já têm outros
amores. Porque não seria imortal posto que é chama. Minhas músicas não atravessarão
gerações. Minha casa precisa ser outra. E assim por diante. Um dia eu cheguei
sim a acreditar que tudo era pra sempre. E não faz muito tempo. E eu era feliz
assim. O que eu não sabia era que o pra sempre sempre acaba. Mas está tudo bem. Meu medo não será pra sempre e eu também não vou durar pra sempre. E quando o
fim da minha estrada chegar nada disso terá mais importância.
Nossa... que texto lindo. Me emocionei ao ler. Parabéns pelo talento. Me senti aliviado. Puxa... realmente um lindo texto!
ResponderExcluirQue pena, mas é verdade.....
ResponderExcluirMais uma vez: Intenso.
ResponderExcluirTão pequenina e um turbilhão de sentimentos.
Continue assim.
BJ
oi Alexandre, que bom que gostou da peça e me achou por aqui. és muito bem-vindo.
ResponderExcluirbeijos.