terça-feira, 27 de abril de 2010

Outra hora, amor. Outra hora.


Eu sei de mim.
Não sou estonteante. Não sou de parar o trânsito. Mas sei que arrebato alguns corações por onde passo.
Talvez minha alegria. Minha energia. Meu sorriso. Meu papo. Minha loucura. Minha ternura. 
Mas cuidado!
Eu se fosse você, não passava da primeira página.
Não que eu ache que você não vai gostar. 

Ainda outro dia alguém brincou dizendo que gostaria de se casar comigo. Ao que eu respondi: "Não. Você não merece esse castigo!"
Digo, por conhecimento de causa, que nunca foi fácil conviver comigo. Eu mesma, se pudesse, em alguns momentos gostaria de cair fora de mim. Uma parte quer ir. A outra ficar.
Eu sou bipolar, mexicana, pavil-curto. Ás vezes eu declaro guerra ao mundo e não faço questão de esconder isso de ninguém. Á flor da pele. Assim eu sou e assim eu hei de ser. Pra sempre. Às vezes mais. E às vezes um pouco mais ainda. Pois é muito fácil chegar em mim, meu acesso é gratuito. É bom passar pela minha vida, eu creio. Mas é preciso culhão pra permanecer. Ainda não nasceu alguém com tamanho pulso. Eu nunca disse que seria fácil. E não. Eu não culpo os outros. 

Eu crio polêmicas. Eu digo frases. Eu invento o estranhamento. Eu inauguro o riso nervoso. Porque além de artista, eu sou mulher,  e, consequentemente, humana e, reza a lenda, filha de Deus. Minha intenção é provocar. Provocar desejo. Raiva. Indignação. Dúvida. Caos. Desconforto. Carinho. Admiração. Ilusão. Por que o mundo ainda acha isso condenável??

Vivo minha vida como se ela fosse dar um giro de 180º a qualquer momento.

Há sete anos eu fiz uma escolha que mudou completamente meu destino. Desde criança eu sabia que eu tinha que vir buscar alguma coisa aqui. Que eu ainda não descobri o que é. Eu via a cidade pela tevê e aquilo me dizia alguma coisa. Que ainda não desvendei. Mas eu vim. E há sete anos eu não sei o que é almoço de Dia das Mães. Páscoa. Aniversário de família. Nem mesmo a convivência. Há sete anos eu corro atrás de uma bolha de sabão. Há sete anos eu não vivo sem paixão. Trabalho. Pagas. Aluguel, água, luz, gás, telefone, internet, celular, rádio, acrobacia, canto, academia, cartão de crédito, cerveja, passagem, comida, ufa! Isso sem falar que a fatura da loja no valor de R$ 114,70 ficou sem ser paga esse mês. Paciência. Tem as prioridades. Cozinho só pra mim. Meus domingos não têm barulho. Não sou filha e não sou comida. Sou mais uma na multidão brigando por espaço. Mas eu não estou fazendo drama. Não agora. Só estou recordando daonde vim e pra onde vou. E, principalmente, o porque disso tudo.

Você pode passar anos comigo e no final achar que não me conhece. Mas isso não é um problema meu. Eu sou sempre muito de verdade. E você pode usar toda a sua criatividade e delegar à mim atitudes que eu jamais tomaria. Isso também não é um problema meu. Mas eu entendo que assim seja mais fácil. Antecipar decepções que jamais existirão é um dos caminhos que te levam pra longe de mim. Isso vai acontecer. E eu não vou te impedir.

Eu não me tornei outra pessoa. Eu sou exatamente a mesma. Mas eu sei que eu pareço diferente. E eu tenho um álibi. Foram as condições externas que mudaram. Eu preciso sobreviver. Eu preciso brigar pela minha integridade moral. E eu nunca fujo. Muitas vezes eu apanho. Mas não corro. Eu cometo erros. Muitos. Com a Graça de Deus. Que é pra isso que eu estou aqui. Porque se eu fosse perfeita eu não estaria no meio de vocês que fazem tantas coisas erradas. Ops! Parece que temos algo em comum!

E se você quiser me julgar eu vou lhe dizer: "Outra hora, amor. Outra hora!" Até que você se esqueça. Ou se lembre. De que você perdeu esse direito quando resolveu me reinventar.



Foto antiguinha ;)

10 comentários:

  1. Seus textos estao cada vez melhores Tati... continue assim venenosa, doce e apaixonante.

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  2. Eduardo? vc de novo por aqui??? q bom, querido, seja sempre muito bem-vindo!!! mas apresente-se pra mim. rs.
    beijos.

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  3. Oi, Tati, desculpa aí o mau jeito.
    É que gosto do que você escreve e, nesses dois textos, em especial, fiquei até emocionado e "precisei" comentar.
    Fomos apresentados uma vez pelo Alex Cunha, num samba na Rua do Ouvidor, lembra?
    Bj.

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  4. hum, me passou pela cabeça que pudesse ser vc mesmo!!!! rs.
    bom te ter por aqui. adorei a surpresa!!!!

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  5. Cara, sei que é atriz. Mas, na boa, pense na possibilidade de ser roteirista . Amadureça a idéia. Bole textos pra teatro tb. Não jogue fora esse dom. Tem pessoas por aí que preenchem a tela discutindo o sexo dos anjos. Vc traduz legal as fraquezas humanas. Sucesso, Tati

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  6. oi Eli. serio??????? brigada.
    eu penso nisso às vezes. valeu pelo toque, é sempre bem-vindo. vou tentar amadurecer melhor a idéia.
    ;)

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  7. Fala Tati!

    Meu nome é Alexandre! Vi você no SESC GINÀSTICO ontem! A peça tá ótima! Fui atraído pelo texto do Xexéo e direção da Marília... me deparei com sorriso lindo seu no palco e uma ótima atuação!! E para minha surpresa ainda encontro por aqui uma super escritora! Sucesso!!

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